Cartas de Juan Carlos Onetti para Julio Payró

Este artigo analisa as cartas enviadas pelo escritor uruguaio Juan Carlos Onetti (1909-1994) ao crítico de arte argentino Julio Payró (1899-1971) entre 1937 e 1955. A análise desses documentos contradiz uma faceta generalizante presente na fortuna crítica do autor, que o descreve como homem solitário e frio. Nos textos aqui estudados, Onetti manifesta seu carinho e admiração por Payró. Da mesma forma, as cartas oferecem dados que contestam a imagem do Onetti descompromissado, já que ele demonstra preocupação com os rumos da política de seu país. A correspondência também revela inseguranças e vaidades que a figura pública fazia questão de manter escondidas. Nesse sentido, este trabalho sugere que investigações a partir de documentos pessoais de escritores podem ampliar fortemente a interpretação de sua obra e às vezes se opor a juízos estabelecidos pelos críticos que não tiveram acesso a esse material.This article analyses the letters sent by Uruguayan writer Juan Carlos Onetti (1909-1994) to Argentine art critic Julio Payró (1899-1971) in the period of 1937-1955. The analysis of such documents contradict a generalizing facet present in the author’s critical fortune, that describes him as a cold and lonely man. On the texts hereby studied, Onetti demonstrates his affection and admiration for Payró. Likewise, the letters offer data which contest the image of an uncommitted Onetti, since he demonstrates preoccupation with the course of politics in his country. The mail also shows insecurity and vanity which the public figure demanded to maintain hidden. In this sense, this work suggests that investigations coming from writers’ personal documents may strongly amplify the interpretation of his work and often oppose to judgements previously made by the critics who did not have access to this material