Inqu??rito de morbidade em crian??as de 0 a 2 anos no munic??pio de Teres??polis

As informa??oes relativas ao perfil de morbidade em nossa regi??o s??o raras. Os poucos dados que se tem nos servi??os, s??o de doen??as de notifica????o compuls??ria, que n??o permitem infer??ncias populacionais consistentes para o planejamento adequado das a??oes de sa??de. Esse estudo teve como objetivo geral, descrever o perfil de morbidade das crian??as de 0 a 2 anos no munic??pio de Teres??polis e como objetivos espec??ficos, estimar a preval??ncia dos principais agravos ?? sa??de na popula????o estudada e relacionar as doen??as mais frequentes com outras vari??veis como: n??vel de renda, escolaridade da m??e, acesso a bens comuns e outras descritas no trabalho. O desenho de estudo utilizado foi um inqu??rito populacional do tipo transversal-descritivo. O universo amostral teve como refer??ncia o conjunto de domic??lios com crian??as de 0 a 2 anos no munic??pio de Teres??polis. Na amostragem por conglomerados, foi usada como base de dados, a lista de setores censit??rios do IBGE. Sorteou-se 30 setores, sendo 21 urbanos e 9 rurais, o que nos permitiu selecionar 427 crian??as (unidades de observa????o). O instrumento de pesquisa foi um question??rio domiciliar, aplicado pelo pesquisador na ??rea rural e estudantes de gradua????o do 3?? ano de medicina na ??rea urbana, sob a surpevis??o dos docentes da disciplina de epidemiologia. Os dados foram codificados e copilados no programa EpiInfo. Na caracteriza????o da popula????o estudada, 23 por cento das crian??as viviam em fam??lias com renda menor ou igual 1SM (somente 15 por cento > 3SM), 53,6 por cento das fam??lias tinham renda "per capita" < ou igual 0,5SM. As maes com idade < de 20 anos foram 18 por cento e 8,2 por cento eram analfabetas. Em rela????o a ??gua tratada, 37,9 por cento das crian??as n??o tinham acesso a esse bem comum, e 17,3 por cento n??o tinham banheiro dentro de casa. no pr??-natal 91,8 por cento das m??es fizeram pelo menos uma consulta, enquanto, 53,2 por cento fizeram mais de consultas. O baixo peso ao nascer ocorreu em 12,9 por cento dos nascimentos e o tempo m??dio de amamenta????o foi de 2 meses e 25 dias. A cobertura vacinal para menores de 18 meses foi de 90,5 por cento e para maiores de 18 meses, com 4 doses de DPT e Sabin foi de 40,2 por cento. A diarr??ia apresentou uma preval??ncia de 28,6 por cento, considerada muito alta, e das crian??as, 13,8 por cento eliminaram vermes nos ??ltimos 15 dias. A IRA esteve presente em 6,1 por cento das crian??as e em rela????o a hospitaliza????o em geral 26,9 por cento forma internadas nos ??ltimas 12 meses. A escolaridade da m??e esteve inversamente relacionada com a elimina????o de vermes e com a hospitaliza????o e a renda familiar associada com a diarr??ia, com a hospitaliza????o e com a elimina????o de vermes (p < 0,01). N??o ter banheiro em casa, teve associa????o com diarr??ia, com eliminar vermes e ser internado (p < 0,01). Mamar no seio por mais de 6 meses n??o teve significado estat??stico com diarr??ia, IRA, eliminar vermes e ser internado. Nesse trabalho ficou claro o papel desempenhado pelas desigualdades sociais no processo sa??de-doen??a das nossas crian??as, e demonstra que os esfor??os na promo????o de estrat??gias capazes de favorecer nos grupos mais vulner??veis o crescimento e desenvolvimento infantil, necessitam ser intensificados. A avalia????o da qualidade de assist??ncia prestada, e em particular, das interna??oes pedi??tricas nos parecem linhas de investiga????o a serem exploradas no ??mbito da integra????o ensino-servi??o-pesquisa-comunidade