Crian??as crescendo na rua

O presente trabalho procurou estudar o crescimento e desenvolvimento de um grupo das chamadas crian??as de rua do Rio de Janeiro que preenchessem os seguintes crit??rios: a)- faixa et??ria dos seis aos dez anos; b)- vida cotidiana que inclu??sse a perman??ncia nas ruas no per??odo diurno e, pelo menos para a maioria deles, pernoite nos lugares p??blicos; c)- aus??ncia, por ocasi??o do exame, de processo m??rbido agudo que causasse distor??oes no exame antropom??trico. Como a caracter??stica da amostra foi seu v??nculo aos logradores p??blicos, foi feita uma an??lise hist??rica destes, em termos gerais, e foi comentado um estudo especializado sobre as ruas do Rio de Janeiro. No mesmo cap??tulo, fez-se um exame sucinto dos pr??s e contras das ruas como ??reas de moradia. Para o estudo, a autora selecionou pessoalmente trinta e cinco crian??as de seis a dez anos de idade, de ambos os sexos, e procedeu ao exame cl??nico e mensura????o antropom??trica dos participantes do grupo. A esta primeira etapa seguiram-se entrevistas abertas, realizadas mediante contatos informais, repetidos sempre que poss??vel. As crian??as foram informadas dos objetivos da pesquisa e, com seu consentimento, foi usado um gravador, colocado de forma discreta, para atenuar qualquer inibi????o. Para avalia????o dos resultados da pesquisa, foram utilizadas as curvas de peso-para-idade (A/I) e peso-para-altura (P/A) do NCHS. A an??lise mostrou que as crian??as sao baixas para a idade, mas tem o peso adequado a altura. Examinados esses dados, segundo os crit??rios de Waterlow, trinta crian??as seriam normais e cinco apresentariam baixa estatura sem emagrecimento. Esses achados mostram que as crian??as sofreram uma desnutri????o no passado, provavelmente antes dois anos, e que a maioria delas est?? hoje com o peso adequado a altura. A compara????o dos dados da pesquisa com trabalho an??logo utilizando colegiais da mesma faixa et??ria, de um bairro oper??rio e de classe m??dia baixa, mostra que a propor????o de crian??as abaixo do percentil 10 ?? compar??vel nos dois grupos. Tudo isso corrobora a id??ia de que as crian??as de rua estudadas n??o cresceram menos ou pior por estarem na rua, mas apenas acompanharam o padr??o das crian??as carentes brasileiras. As entrevistas realizadas com as crian??as forneceram informa??oes pormenorizadas sobre a vida di??ria das mesmas, seu passado pessoal e familiar, habita????o, alimenta????o, conhecimentos e habilidades j?? adquiridos, relacionamento com as demais crian??as e com os adultos e diversas outras informa??oes. Foram destacadas, pela sua significa????o, as hist??rias pessoais de duas crian??as. O cap??tulo final resume a posi????o da autora a respeito do tema e cont??m considera??oes sobre aspectos demogr??ficos e s??cio-economico do pa??s, que condicionam e poder??o agravar a situa??ao das grandes massas populares a que pertencem as crian??as de rua. Ao longo de todo o trabalho s??o transcritas as cita??oes ou mencionadas as fontes pertinentes para o entendimento do texto