Estudo da movimentação da parede torácica em recém-nascidos prematuros, durante a respiração espontânea

O objetivo foi avaliar o comportamento da parede torácica e da mecânica pulmonar de prematuros saudáveis durante os primeiros meses de desenvolvimento extra-uterino. Avaliaram 25 prematuros saudáveis nascidos no IFF com peso abaixo de 1500g e idade gestacional inferior a 34 semanas que não necessitaram de ventilação com pressão positiva. Foram coletados dados em 3 estágios do desenvolvimento durante a respiração espontânea, em períodos de oclusão das vias aéreas, nos 2 estágios do sono. Utilizou o pletismógrafo respiratório Respitrace que registra simultaneamente os movimentos do tórax e do abdômen contra o tempo. Determinaram o grau de assincronismo respiratório e o comportamento do tórax e do abdômen durante a oclusão. Para o estudo da mecânica pulmonar e da ventilação utilizou o software de análise Anadat, com o registro dos sinais de fluxo de vias aéreas, pressão esofagiana e pressão na boca. Com base nesses sinais calcularam os valores de complacência pulmonar, resistência pulmonar e tempos respiratórios.Os resultados revelaram valores de ângulo de fase (0) de 27 graus, resistência pulmonar e complacência pulmonar. Não observaram alterações significativas das 3 medidas durante o período de desenvolvimento analisado. Em relação ao sono observaram queda da complacência pulmonar e aumento do ângulo de fase durante o sono REM. Durante a oclusão das vias aéreas os prematuros apresentaram aumento da pressão esofagiana e do ângulo de fase.Em relação ao desenvolvimento observou aumento progressivo da pressão máxima de boca, da variação do ângulo de fase com e sem oclusão e da regularização do comportamento do tórax,sugerindo maturação da parede torácica. A participação do tórax na geração do volume corrente permaneceu baixa e a complacência da parede torácica permaneceu muito elevada nas três etapas do desenvolvimento quando comparadas com os valores normais para o indivíduo adulto.Concluí que prematuros saudáveis, que não fizeram uso da ventilação com pressão positiva durante a internação, apresentam a função pulmonar no limite superior da normalidade até os 3 meses de idade corrigida. Observamos sinais de maturação da parede torácica com o crescimento como: o aumento progressivo da pressão esofagiana e da pressão de boca durante a oclusão das vias aéreas e a maior estabilização do tórax com o crescimento.sugerimos que o acompanhamento por um período mais longo pode vir a trazer novas informações sobre o desenvolvimento pulmonar extra-uterino