Estudo do fotorrecrutamento eletroencefalográfico no cérebro em desenvolvimento e suas alterações nas epilepsias parciais

Para estudar o desenvolvimento da atividade elétrica do cérebro e suas alterações nas epilepsias parciais, foram estudadas as respostas de recrutamento a 11 frequências fixas (de 3 a 24 Hz) de fotoestimulação intermitente, nos eletroencefalogramas (EEGs) de 30 crianças e adolescentes normais e 37 pacientes de 5 a 18 anos, de ambos sexos. A fotoestimulação foi utilizada para ativar, pelo fotorrecrutamento, as oscilações do EEG. Foram avaliados: a topografia dos picos presentes nos espectros do EEG nas frequências de estimulação (primeiro harmônico) em 14 áreas do cérebro e os perfis individuais de fotorrecrutamento na área occipital direita, como uma característica global da reatividade, que combina, em um mesmo gráfico, as amplitudes espectrais do EEG em todas as 11 frequências fundamentais de estimulação aplicadas. Os resultados mostraram que o fotorrecrutamento pode ser registrado em todas áreas do cérebro, com decréscimo da sua probabilidade na direção frontal. No grupo dos normais, a reatividade nas áreas não visuais teve correlação com a idade, provavelmente refletindo amadurecimento das regiões corticais mais anteriores. Nos epilépticos, houve a mesma dependência da idade, com um certo atraso em comparação com os controles, que resultou em índices de reatividade significativamente mais baixos em relação aos normais da mesma faixa etária. Os perfis de fotorrecrutamento dos indivíduos normais repetiu, em geral, as formas dos espectros dos EEGs de repouso, com amplitudes aumentadas pela estimulação. Revelou-se uma reatividade elevada nas frequências de estimulação das faixas delta e teta - uma característica não encontrada em adultos, com correlação negativa entre as amplitudes espectrais das respostas nestas faixas e a idade. A maioria dos indivíduos normais mostrou, no perfil, além do pico principal na faixa alfa, um máximo adicional na faixa teta, ausente no espectro de repouso. Nos perfis dos epilépticos, em comparação com os dos normais, houve aumento das amplitudes na faixa delta e redução na faixa alfa. As amplitudes delta tiveram correlação negativa com a idade, características semelhantes às dos normais da faixa etária menor. Os resultados foram interpretados em termos de alterações generalizadas do estado funcional do cérebro e podem vir a ser utilizados no aperfeiçoamento dos métodos diagnósticos da eletroencefalografia quantitativa