A política de avaliação da pós-graduação : contradições diante da aprendizagem e cidadania docente

Este estudo investiga como a atual política de avaliação educacional da pós-graduação stricto sensu no Brasil concebe a aprendizagem e a cidadania docente. Trata-se de um estudo de caso qualitativo realizado em dois programas da área de Educação da região Centro-Oeste do País, sendo um pertencente a uma instituição pública e outro a uma instituição privada, confessional. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionários, entrevistas semiestruturadas e análise documental e foram analisados a partir da Análise de Conteúdo de Bardin, contando com o auxílio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) para tabulação das fontes quantitativas. Os resultados apontam que o quantitativismo exacerbado dos critérios de avaliação adotados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) compromete consideravelmente o trabalho docente e provocam tensões na academia ao promover uma corrida desenfreada pela elevação das notas dos programas. Os achados da pesquisa apontam que a cidadania e aprendizagem docente precisam ser mais consideradas pela atual política de avaliação da CAPES uma vez que a docência e os incentivos para o engajamento em projetos sociais ou em eventos acadêmicos são cada vez menos valorizados. Constatou-se que os docentes da Instituição de Ensino Superior (IES) Pública possuem um espaço mais democrático de trabalho e têm maiores oportunidades para atuar ativamente na gestão do programa e na sociedade que os docentes da IES Privada. Em ambos os contextos, principalmente no privado, os professores enfrentam grandes desafios para promover a produção acadêmica de seus alunos, uma vez que muitos possuem uma formação básica limitada a qual exige maior tempo de dedicação docente rumo à oferta de uma educação de qualidade na pós-graduação. Verificou-se que a responsabilidade pelo êxito ou fracasso do programa na avaliaçãoda CAPES recai com peso maior mais sobre os professores que sobre a instituição avaliada, o que precisa ser repensado urgentemente. Apesar das dificuldades identificadas, os docentes afirmam que conseguem aprender por meio das pesquisas realizadas e da relação com os alunos e consideram também que conseguem exercer sua cidadania por meio de atividades de pesquisa que contribuem para a construção de conhecimentos relevantes para a sociedade. Contudo, a cidadania emancipada, que compreende a intervenção social por meio da organização e participação coletiva ainda é pouco exercida pela maioria dos docentes investigados. O estudo aponta para a necessidade de uma reformulação dos critérios da atual política de avaliação da pós-graduação em educação, que precisa dar maior ênfase às dimensões de aprendizagem e de cidadania docente e discente, o que demanda a adoção de critérios qualitativos e não apenas quantitativos. As políticas e as instituições educacionais precisam valorizar mais esses profissionais, oferecendo condições adequadas de trabalho e não apenas cobrando Cidadania Docente