A evasão escolar no Programa SENAC de Gratuidade (PSG) : um estudo de caso no Distrito Federal

A presente pesquisa analisou os fatores da evasão relacionados aos alunos dos cursos técnicos de nível médio do Programa Senac de Gratuidade, nas turmas iniciadas em 2010 e 2011, no Centro de Educação Profissional Senac Plano Piloto. No presente trabalho, considerou-se como evasor o aluno matriculado que frequentou ao menos uma semana de curso e que abandonou as aulas sem comunicar à instituição. O trabalho foi organizado em três etapas. Na primeira etapa, realizou-se uma pesquisa documental dos relatórios de controle mensal, no programa informatizado da instituição pesquisada, e dos diários de classe, com o objetivo de verificar o quantitativo de alunos evadidos por curso. Concluiu-se que, das 320 matrículas no período pesquisado, houve 66 casos de evasão, representando 20,6%. Destes alunos, 75,8% eram do sexo feminino e 24,2% do masculino. Considerando a relação entre o número de vagas ofertadas e a evasão, observou-se que os cursos com maior índice foram o Técnico em Farmácia e o Técnico em Massoterapia. A segunda etapa da pesquisa consistiu na realização de entrevistas semi-estruturadas de grupo de dez alunos evadidos, para identificar os motivos que levaram os alunos ao abandono. Na percepção dos alunos, os fatores extraescolares foram mais pronunciados em comparação aos intraescolares. O conflito entre trabalho e escola foi a principal justificativa para o abandono dos cursos, acompanhado de fatores como problemas de saúde e familiares, conflitos entre o professor e aluno e com a burocracia escolar. Na terceira etapa foram aplicados questionários a outro grupo, de 20 alunos, visando a identificar o perfil do aluno evadido e a aprofundar o entendimento dos motivos da evasão. Verificou-se equilíbrio entre os sexos. 70,0% se encontravam na faixa etária abaixo de 27 anos, 60,0% se declararam como brancos, 85,0% eram solteiros e 70,0% não tinham filhos. A forma subsequente de articulação entre o ensino médio e a educação profissional foi verificada em 95,0% dos casos. 65,0% tinham renda familiar de no máximo um salário mínimo. Considera-se que fatores de ordem intra e extraescolar interferiram diretamente no processo de evasão. Observou-se que os fatores extraescolares, de ordem social, cultural e econômica se conectam aos fatores intraescolares, tais como a atuação da gestão, os professores, a infraestrutura e o currículo. Considera-se também a necessidade de criação de políticas públicas voltadas para este nível educacional, com entendimento e compreensão dos partícipes, com vistas a minimizar as dificuldades inerentes ao contexto socioeconômico e cultural destes alunos