Avaliação da força da musculatura do assoalho pélvico em mulheres incontinentes e em mulheres assintomáticas, associação com o polimorfismo de inserção/deleção do gene da enzima conversora de angiotensina e a resposta muscular à cinesioterapia.

Objetivos: O presente estudo teve como propósito avaliar a força e a pressão de contração dos músculos do assoalho pélvico (MAPs) em mulheres incontinentes e em mulheres assintomáticas, verificar sua associação com o polimorfismo de Inserção/Deleção (I/D) do gene da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA), além de verificar a resposta dos MAPs após a cinesioterapia. Métodos: Após a aplicação dos critérios de exclusão155 voluntárias (idade 66,7 5,4 anos), foram submetidas à anamnese e Avaliação Funcional do Assoalho Pélvico (AFA) por meio da palpação bidigital, baseando sua graduação na classificação de Ortis (1996) e a quantificação da pressão de contração dos MAPs foi realizada utilizando-se um myofeedback de pressão tipo Perina Marca Quark. Após a avaliação as mulheres foram distribuídas em dois grupos conforme a presença ou ausência de queixa clínica de perda urinária (G1- Incontinentes e G2- Assintomáticas). A genotipagem foi conduzida em toda a amostra por meio da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). As pacientes do G1 que referiram Incontinência Urinária aos Esforços (IUE) e Incontinência Urinária Mista (IUM) foram convidadas a participar de uma etapa de intervenção composta de 12 sessões de Cinesioterapia e após o período de intervenção foram reavaliadas. Resultados: Observou-se uma prevalência de Incontinência Urinária (IU) em 84,2% da amostra. A distribuição do genótipo ID da ECA apresentou-se dentro do esperado (DD: 32,9%; ID: 46,5%; II: 20,6%), a variação genotípica não demonstrou influência sobre a resposta muscular quando comparou-se os grupos G1 e G2 para as variáveis força (p = 0,43), pressão de contração (p = 0,96) e tempo de manutenção da contração (p = 0,91), apesar de que, para a amostra total estratificada por genótipo, observou-se que no grupo cujo genótipo era DD um aumento estatisticamente significativo quanto à frequência miccional diurna para a (p = 0,004), assim como uma chance aumentada de desenvolver IU (OR = 2,46; IC 95% = 1,00 6,09; P = 0,05). Observou-se redução da força (p = 0,001) e da pressão de contração (p = 0,001) quando comparou-se G1 e G2, não foi possível observar diferença entre os grupos para a variável tempo de manutenção da contração (p = 0,49). Comparando-se as etapas pré e pós tratamento observou-se resposta estatisticamente significativa dos MAPs em relação às variáveis força (p = 0,001), pressão de contração (p = 0,001) e tempo de manutenção da contração (p = 0,001). Conclusões: Os achados do presente estudo não atribuem ao polimorfismo de I/D do gene da ECA papel relevante na resposta dos MAPs em pacientes com IU, apesar de sugerir que novos estudos sejam realizados para confirmação de sua influência. Mulheres com IU apresentam redução de força e pressão de contração quando comparadas com mulheres assintomáticas e a cinesioterapia é uma modalidade de tratamento que se mostrou efetiva na resposta muscular nessa amostra.Objectives: This study aimed to assess the strength and pressure of the Pelvic Floor Muscles (PFMs) in incontinent and asymptomatic women, to examine its association with the Insertion/Deletion (I/D) polymorphism of the Angiotensin Converting Enzyme gene (ACE) and to evaluate the PFMs response to a therapeutic exercise program. Methods: After exclusion criteria application, 155 volunteers (age 66.7 5.4 years old) were submitted to anamnesis and Functional Assessment of Pelvic Floor (FAPF) by bidigital palpation, using the classification proposed by Ortis (1996). Also the pressure from PFMs contraction was quantified using a myofeedback (Perina - Quark medical products). After assessment, women were distributed in two groups according to the presence or absence of clinical complaint of urine loss (G1- incontinent and G2-asymptomatic). Genotypes were identified for the whole sample by Polymerase Chain Reaction (PCR). The G1 patients that reported Stress Urinary Incontinence (SUI) and Mixed Urinary Incontinence (MUI) were invited to participate of an intervention composed by 12 sessions of therapeutic exercise and were reevaluated after this period. Results: There was a prevalence of Urinary Incontinence (UI) in 84.2% of the sample. The I/D genotype distribution (DD: 32.9%; ID: 46.5%, II: 20.6%) was in the expected Hardy-Weinberg equilibrium. The allelic variation under study, showed no influence on the muscle response when comparing G1 and G2 groups for strength (p = 0.43), pressure of contraction (p = 0.96) or time of maintenance of the contraction (p = 0.91). For the total sample stratified by genotype, we observed that in the DD genotype carriers there was a significantly higher frequency for daytime voiding (p = 0.004) and an increased chance of developing UI (OR = 2.46, 95% CI = 1,00 to 6.09, p = 0.05). It was also observed that the G1 group sowed significantly lower PFM strength (p < 0.001) as well as lower pressure of contraction (p = 0.001) when compared to G2. It was not observed differences between groups for maintenance of contraction (p = 0,49). The subgroups submitted to the intervention showed significant increase in PFMs strength (p = 0.001), pressure of contraction (p = 0.001) and maintenance of the contraction (p = 0.001). Conclusions: Based on the observed results, it can be concluded that the ACE I/D polymorphism is not associate with PFM strength or pressure of contraction in older women, but seems to be related to the presence of UI. Further studies are necessary to confirm these findings. Women with UI presented reduced pressure and strength of contraction when compared to asymptomatics women and the therapeutic exercise treatment was effective in increasing muscle response in this sample