O medo de cair: um estudo da auto-eficácia em idosos portadores de mieloma múltiplo

O Mieloma Mútiplo é uma doença prevalente em indivíduos idosos, que tem como um dos principais efeitos a destruição óssea e, como conseqüência, aumento do risco de fraturas. Paralelamente, um número crescente de idosos convive com o medo de queda no seu cotidiano.Um estudo visando cruzar estas duas condições foi realizado através de uma abordagem multimetodológica por meio da aplicação de um instrumento de avaliação da auto-eficácia relacionada à queda validada no Brasil, a FES-I-Brasil (CAMARGOS, 2007), e de um roteiro de entrevista semi-estruturada. Participaram do estudo 15 idosos portadores de Mieloma Múltiplo em tratamento no Programa de Oncologia do Hospital Sarah/Brasília da Rede Sarah e 30 idosos da comunidade. Coletaram-se informações sociodemográficas e clínicas, dados relacionados à história de quedas presença do medo de cair, nível de auto-avaliação de saúde e de atividade física e estratégias individuais de auto-eficácia. Foram utilizadas estatísticas descritivas para as variáveis em questão e testes não paramétricos, para comparação entre a distribuição do escore total da FES-I-Brasil e as variáveis do estudo, com nível de significância de α = 0,05. A consistência interna do instrumento foi analisada pelo α de Cronbach tendo sido elevada com α =0,87 e 0,91 (grupo com mieloma e sem mieloma, respectivamente). Os dois grupos tiveram respostas similares em relação à escala, entretanto, observou-se diferenças significativas entre as variáveis : fratura após os 50 anos (p = 0,001), trocar de roupa (p = 0,023), andar em superfície escorregadia (p = 0,032) e subir/descer ladeira (p = 0.009). O medo de cair (p = 0,005), a vertigem (p = 0,009) ou tontura, alterações do equilíbrio (p = 0,02) e uso de benzodiazepínicos (p= 0,048) influenciaram no ES os dois grupos eram similares e que portadores de mieloma, apesar de maior risco de fratura, não têm maior medo de cair ou diferente auto-eficácia relacionada à queda em relação aos idosos que não têm tal diagnóstico. As dificuldades, as preocupações e as formas de enfrentamento dos dois grupos também foram semelhantes. Os dois instrumentos empregados mostraram-se adequados para a avaliação pretendida e apontaram resultados complementares.Multiple Myeloma, often seen as a disease of the elder, has bone destruction among its major effects, leading to higher risk of fractures. On the other hand, a growing number of elder people live with a daily threat of fall. This researchs objective is to assess, through the analysis of the fall-related self-efficacy, if the fear of fall among older people with Multiple Myeloma is higher than those without the disease. A multi-methodological approach is assured by the adoption of the self-efficacy fall related method-FES-Brasil (CAMARGOS, 2007), recently validated in Brazil - along with semi-structured interviews. Among the participants, there were fifteen Multiple Myeloma patients enrolled on the Sarah Hospital at Brasilia Oncology programme and 30 from community elder related entities. Sociodemographic, clinical, fall history including the fear of fall, self assessed health status and physical activity data were collected and analyzed. Descriptive statistics non-parametric tests were used for all variables for the comparison between the distribution of the FES-I-Brasil total score and the study variables, at 95% of confidence level. The internal consistency of the instrument was assessed using Cronbachs α. FEI-I-Brasils internal consistency was found high: α = 0.87 and α = 0.9, for the Myeloma and the control groups respectively. Both groups had similar answers with respect to the scale (p = 0.197). However, significant differences were found among the following variables: Bone fracture after the age of 50 (p = 0,001), while dressing (p = 0,023), when walking on slippery surfaces (p =0,032), when climbing ramps (p = 0.009). Fear of falling (p =0,005), dizziness (p = 0,009), balance (p = 0,02) and the use of benzodiazepinics (p = 0,048) had influence on the fall related total score scale. The interviews confirmed that both groups were similar and myeloma patients, despite the greater risk of fractures, do not fear fall more nor have a different fall-related selfefficacy than those without the diagnosis. The difficulties, worries and forms of dealing with fear of falling between the groups are very similar as well. In general, the employed instruments proved adequate for the proposed analysis and showed complementary results. More research with larger samples is needed to improve the identification and analysis of the involved variables