Criatividade e escola: limites e possibilidades segundo gestores e orientadores educacionais

O mundo contemporâneo com a globalização, os grandes avanços tecnológicos, a rapidez e o acúmulo de informações geradas diariamente e a necessidade de assimilação dessas informações tem provocado transformações em toda a sociedade. Esse momento histórico, no qual um incessante fluxo de mudanças se faz presente nos diferentes segmentos sociais, demanda pessoas capazes de lidar com elas de maneira criativa e eficiente. Assim, deparamos-nos com a valorização do potencial criador do homem e o crescente interesse pela criatividade nos diversos segmentos sociais. Esse potencial, inerente a todos, pode ser desenvolvido em diversos ambientes e a escola é privilegiada, por sua própria natureza educativa, para desenvolvê-lo, levando em conta a subjetividade do indivíduo, sua relação com o contexto e com o outro. Diante desta realidade, objetivou-se investigar como gestores e orientadores educacionais lidam com essa questão no contexto escolar. A revisão de literatura deste estudo abrangeu conceitos de criatividade, o papel do ambiente no desenvolvimento da expressão criativa, o potencial criativo e a relação gestão/criatividade e orientação educacional/criatividade na escola, além de teorias de criatividade. Entrevistas, semiestruturadas, foram realizadas com 10 orientadores educacionais e nove gestores de escolas públicas, tendo sido os dados submetidos à análise de conteúdo. Os resultados indicaram que, embora esses profissionais admitam que a criatividade seja importante para a sociedade e para o indivíduo e, ainda, que eles podem contribuir para o seu desenvolvimento no contexto escolar, o conhecimento que embasa sua prática é basicamente oriundo do senso comum, fazendo-os agirem intuitivamente. Contudo, muito embora não tenham estudado esse fenômeno, eles possuem noção sobre ele. Os elementos inibidores e facilitadores à expressão criativa, com maior número de respostas, foram os de natureza pessoal/pedagógica relacionados ao professor, seguidos dos elementos de natureza administrativa. Quanto aos elementos inibidores à intervenção de gestores e orientadores educacionais, no exercício de suas funções, em prol do desenvolvimento da criatividade no contexto escolar, foram, também, salientados os relativos ao docente, seguidos dos referentes à família, ao passo que, como facilitadores, houve destaque para os elementos relativos às suas funções. Ressaltamos que a falta de capacitação, formação inicial e tradicionalismo como elementos inibidores à promoção da criatividade no contexto escolar foram apontados apenas com relação aos professores. Esse fato denota que, na concepção dos entrevistados, esses atores, em primeira instância, são responsáveis pelo desenvolvimento da criatividade, já que nenhuma outra menção foi feita à formação dos demais profissionais da escola