Ecologia do protozooplâncton, bacterioplâncton e virioplâncton em um sistema fluvial-lagunar do nordeste brasileiro.

Foram estudadas as comunidades microbianas (protozoários, bactérias e partículas semelhantes a vírus-PSV) de um sistema fluvial-lagunar, localizado em uma região tropical do Brasil (550 e 600S; 3505 e 3525W). Selecionaram-se três locais de amostragem no Rio Pitimbu e um na região mais profunda da Lagoa do Jiqui. Flutuações espaciais e temporais, em escala anual e diária, foram avaliadas em diferentes regimes climáticos. As variações espaciais do protozooplâncton (Mastigophora, Sarcodina e Ciliophora) foram analisadas e relacionadas aos dados bióticos para comparar as regiões lótica e lêntica do ambiente. De acordo com os resultados, a lagoa é menos eutrofizada em relação ao rio, e um dos locais de coleta do rio está impactado. Os flagelados predominaram quantitativamente em todos os pontos, seguidos por sarcodinos e ciliados. Espécies de Cryptomonas e Chroomonas foram predominantes entre os flagelados e Arcella sp, Difflugia sp e um pequeno heliozoário não identificado dominaram entre os sarcodinos. Espécies de Limnostrombidium e Rimostrombidium foram os ciliados predominantes nos pontos menos eutrofizados. A densidade média do bacterioplâncton flutuou de 2,67 a 5,1 x 107 mL-1, com predominância de bacilos. A biomassa bacteriana variou de 123 g C L-1 a 269 g C L-1 e o volume celular de 0,12 m3 a 0,54 m3. Foram encontradas diferenças espaciais significativas de volume celular dos morfotipos e da biomassa, com um maior desenvolvimento bacteriano na lagoa, em comparação às estações do rio. Durante os estudos diários, as PSV tiveram média de 7,0 x 108 mL-1 no dia chuvoso e 5,78 x 108 mL-1 no dia seco, com densidades mais elevadas à noite, sugerindo uma ação virucida da radiação solar sobre estas partículas. No dia chuvoso, a densidade de flagelados correspondeu a 31% e a dos ciliados a 59% das encontradas no dia seco. Os protozoários tiveram correlação negativa com as PSV (Spearman: R = - 0,71, p=0,04). O estudo mostrou que a variação quantitativa dos protozoários foi influenciada tanto pelo estado trófico do ambiente, como pelo período climático. Os protozoários e a clorofila não se correlacionaram com o bacterioplâncton, sugerindo que a multiplicação bacteriana, neste sistema, é dependente da entrada de material alóctone e autóctone, o qual parece manter uma elevada atividade bacteriana, favorecida pela temperatura e pelo oxigênio dissolvido. As elevadas densidades e flutuações em curto intervalo de tempo de PSV na lagoa, sugeriram a participação ativa e importante dessas entidades biológicas sobre a dinâmica das comunidades microbianas nesse ambiente. Palavras-chave: protozooplâncton, bacterioplâncton, partículas semelhantes a vírus (PSV); sistema fluvial-lagunar; região tropical