Estado capitalista, autonomia relativa do político e transição : uma leitura a partir da experiência do governo da Unidade Popular no Chile (1970-1973)

O presente trabalho tem por objetivo realizar uma discussão teórica acerca da experiência de tentativa de transição ao socialismo realizada pelo governo da Unidade Popular (1970-1973) no Chile. Indo além, procuramos debater tal experiência histórica à luz da problemática teórica da “autonomia relativa do político/Estado” proposta por Nicos Poulantzas a partir da obra Poder político e classes sociais (1968), avaliando suas possíveis interpretações, limites e críticas. Para tal, realizamos no primeiro capítulo uma leitura acerca da relação entre “bloco no poder”, Estado (e seus aparelhos) e democracia (enquanto forma de “regime político”), a partir de uma perspectiva histórica que dê conta de apreender as especificidades do Estado e da organização da cena política no Chile, no período anterior ao governo popular. No segundo capítulo se discute os principais aspectos, sobretudo políticos, da experiência chilena e suas insuficiências, a relação entre governo, aparelhos de Estado e as classes em luta. Por fim, ainda à luz da malograda experiência chilena, propomos no último capítulo um debate a respeito da temática da democracia (qual democracia?) e da transição socialista (qual socialismo?), além de traçar um painel geral contendo algumas das principais polêmicas e avaliações teóricas e políticas daquela experiência, e as causas de sua derrota.This study aims to make a theoretical discussion concerning the experience held by the government of the Popular Unity (1970-1973) in Chile, trying the transition to socialism. Forward, it seeks debating such historical experience in light of the "politic/State relative authonomy” theoretical problem proposed by Nicos Poulantzas from the work Political power and social classes (1968), evaluating its possible interpretations, limitations and criticism. To this purpose, we performed a lecture on the first chapter about the relation between “the power bloc”, the State (and its instruments) and democracy (as a kind of “political regime”), from a historical perspective which could apprehend the State’s specificities and the politics scene’s organization in Chile, in the previous period of the popular government. The second chapter discusses the main aspects, especially the politic ones, about the Chilean experience and its shortcomings, the relation between government, State instruments and the combatant classes. Finally, still in light of the unsuccessful Chilean experience, the last chapter proposes a debate on the theme of democracy (which democracy?) and the socialist transition (which socialism?), besides outlining an overview containing some of the major controversies and theoretical and politics evaluations of that experience, such as the causes of its defeat