Características clínicas e qualidade de vida de fumantes em um Centro de Referência de Abordagem e Tratamento do Tabagismo

Objetivos: Analisar os seguintes aspectos em fumantes e pessoas que nunca fumaram: qualidade de vida, hospitalização no último mês, índice de massa corpórea (IMC), incapacidades, transtorno mental na família, doenças relacionadas ao uso de tabaco, depressão e uso de substâncias psicoativas. Avaliar os seguintes dados em fumantes com ou sem associação com depressão e/ou uso de substâncias psicoativas: a idade de início, gravidade de dependência de nicotina e tentativas de abandono. Métodos: O estudo foi transversal e a amostra foi de conveniência. Fumantes (n=167) foram recrutados a partir do Centro de Referência de Abordagem e Tratamento do Tabagismo da Universidade Estadual de Londrina (UEL), e estes foram comparados com pessoas que nunca fumaram doadores de sangue do Hemocentro UEL (n=272). Os instrumentos foram: questionário estruturado, teste de triagem do envolvimento com álcool, tabaco e outras substâncias (ASSIST v 3.0), World Health Organization Instrument to Assess Quality of Life-Bref (WHOQOL-BREF), teste de Fargerström de Dependência de Nicotina (FTND) e critérios diagnósticos para pesquisa de depressão. O IMC foi calculado dividindo-se peso por altura2. A incapacidade laboral foi considerada quando o indivíduo estava recebendo auxílio-doença. Fumantes e nunca fumantes de ambos os sexos, com idades entre 18 e 65 anos foram recrutados. Todos os sujeitos deram consentimento por escrito para participar do estudo e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEL. Resultados: A média de idade foi de 45,7 anos para fumantes que queriam cessar o tabagismo, e 44,3 anos para nunca fumantes. A busca para o tratamento de cessação do tabagismo foi maior entre as mulheres: 61,1% (n=102), comparada aos homens: 38,9% (n=65). Fumantes foram relacionados com incapacidades laborais e domésticas, hospitalização, depressão, uso de sedativos e mais transtorno mental na família. Fumantes tiveram piores escores do que nunca fumantes em todos os domínios da qualidade de vida do WHOQOL-Bref. A média de idade de início do tabagismo em fumantes com depressão ou uso e substâncias psicoativas foi mais baixa do que em fumantes sem depressão ou uso de substâncias psicoativas. Fumantes tiveram mais diabetes, mais hipertensão arterial, mais doença cardíaca, mais doença respiratória e mais úlcera péptica do que os que nunca fumaram. O IMC foi menor entre fumantes comparados aos que nunca fumaram. Conclusão: O estudo sugere que nas intervenções para cessação do tabagismo deveriam identificar subgrupos de fumantes adultos com início precoce do consumo de tabaco, doenças que sofrem gravos pelo tabaco, depressão e uso de substâncias psicoativas. O abandono do uso de tabaco em pacientes com transtorno depressivo ou uso de substâncias psicoativas deve ser o mesmo recomendado para aqueles sem transtorno depressivo ou sem uso de substâncias psicoativas. m programas de prevenção e controle do tabagismo devem-se enfocar os possíveis benefícios e cessar de fumar para melhorar a qualidade de vida, reduzir a morbidade, as incapacidades laborais, bem como os custos com o sistema público de saúde.Objectives: To analyze the following aspects in smokers and never smokers: quality of life, last month hospitalization, Body Mass Index (BMI), disabilities, level of nicotine dependence, disease related to tobacco, mental disorder in the family, depression, and psychoactive substance use. To evaluate the following in smokers with and without psychoactive substance use or depression: onset age, severity of nicotine dependence, and attempt to quit. Methods: The study was cross-sectional with the use of convenience sample. Smokers (n=167) were recruited from Centro de Referência de Abordagem e Tratamento do Tabagismo da Universidade Estadual de Londrina (UEL) and never smokers (n=272) were recruited among blood donors from Hemocentro of UEL. The measures used were: structured questionnaire, alcohol, smoking, and psychoactive substance involvement screening test (ASSIST), World Health Organization Quality of Life (WHOQOL- Bref), the Fagerström test for Nicotine Dependence (FTND), and the Diagnostic Interview for Research on Depression. Body Mass Index (BMI) was calculated dividing weight by height.2 Work disability was considered for the subjects who were in the program of health-care system. Smokers and never smokers were from both genders, aged between 18 to 65 years. All subjects gave written informed consent to participate in the study and the research was approved by the Ethics Research Committee of UEL. Results: The mean age for smokers was 45.7 years and for never smokers was 44.3 years. The search for treatment to smoking cessation was higher between females: 61.1% (n=102) than for males; 38.9% (n=65). Smokers were closely related with work/domestic disabilities, hospitalization, depression, sedative use and more mental disorder in the family. Smokers had lower scores than never smokers concerning quality of life WHOQOL- Bref in all domains. The mean age of onset of cigarette use for smokers with depression or psychoactive substance use was lower than for smokers without psychoactive substance use or depression. Smokers were found to have diabetes, heart disease, respiratory disease, gastric ulcer, and hypertension more than never smokers. The mean BMI was smaller between smokers than never smokers. Conclusion: This study suggests that strategies to smoking cessation interventions would be to identify subgroups of adult smokers with early onset age of tobacco use, associated with tobacco-related disease, depression or psychoactive substance use. Smoking cessation for smokers with depressive disorders and psychoactive substance use are the same for whose without depressive disorders and psychoactive substance use. Programs for the prevention and control of smoking should focus on the benefit of quitting smoking to improve quality of life, reduced morbidity, work disabilities, as well as the costs of public health-care systems