A crianÃa negra na literatura infantil brasileira contemporÃnea.

Este trabalho tem como objetivo analisar como a crianÃa negra à caracterizada em textos dirigidos a crianÃas, a partir de uma abordagem sociolÃgica do texto literÃrio e dos pressupostos da literatura comparada. Para tanto, foram selecionadas 24 narrativas infantis que apresentam personagens crianÃas negras, sendo possÃvel constatar que essas obras revelam as transformaÃÃes que ocorreram na sociedade brasileira no que diz respeito ao negro. Dividido em trÃs capÃtulos, o trabalho busca apoio teÃrico nas obras de Antonio Candido, Rosangela Malachias e Florestan Fernandes, dentre outros. A anÃlise foi organizada em quatro blocos, nos quais buscou-se observar os seguintes aspectos: as dificuldades de identificaÃÃo da crianÃa negra diante dos ditames culturais europeus acerca do modelo de beleza padrÃo; como a famÃlia enfrenta a questÃo da diferenÃa e do preconceito, quando a personagem crianÃa à submetida a discriminaÃÃes de outros grupos sociais; como a escola pode veicular aÃÃes preconceituosas; e, obras que resgatam a memÃria da cultura africana, passando por mitos ou lendas de povos africanos e aspectos relacionados ao processo de valorizaÃÃo da histÃria e da cultura africana. De maneira geral, à possÃvel observar que a produÃÃo de obras cujas personagens sÃo crianÃas negras se intensificou apÃs a ConstituiÃÃo de 1988 e a Lei 10.639/2003. O discurso literÃrio destinado ao pÃblico infantil, portanto, sofre mudanÃas diante das transformaÃÃes da sociedade e mostra um novo contexto histÃrico-social em que as minorias passam a ter mais espaÃo. O discurso jurÃdico e polÃtico que embasa a ConstituiÃÃo de 1988 e a Lei 10.639/2003 permeia o discurso literÃrio, de modo a instruir um comportamento de respeito ao negro â o que revela que tal respeito ainda precisa ser instituÃdo e impresso nas relaÃÃes sociais, que ainda nÃo hà a igualdade de oportunidades para todas as raÃas, mas que hà movimento para que isto se torne real