The speech as an element of the link between archaeology and genealogy of Michel Foucault

O presente trabalho tem como objetivo analisar e apresentar certa modalidade de anÃlise do discurso proposto por Michael Foucault, como um meio capaz de articular os projetos arqueolÃgico e genealÃgico. Esta perspectiva permite indagar os dois momentos da filosofia foucaultiana nÃo como perÃodos independentes, em que um se coloca em termos de oposiÃÃo ou de superaÃÃo ao anterior, senÃo que, pelo contrÃrio, mostrar como dois empreendimentos que se complementam. Para realizar essa tarefa pretende-se investigar a trajetÃria de configuraÃÃo da anÃlise arqueolÃgica, evidenciando que este projeto de Foucault constitui um instrumento alternativo em relaÃÃo as concepÃÃes antropolÃgicas da modernidade. Na descriÃÃo da arqueologia, primeiro desenvolve-se seu afastamento em relaÃÃo a abordagem epistemolÃgica, depois apresenta-se a anÃlise do discurso como fundamental para compreender a descontinuidade que compÃe as ordens dos saberes. Por fim, compreende-se que o empreendimento genealÃgico deve ser entendido como uma proposta de anÃlise que faz aparecer o que jà estava presente na arqueologia, mas que ainda nÃo havia surgido como um domÃnio especÃfico de anÃlise: as relaÃÃes de poder. Foucault declara na obra MicrofÃsica do Poder (1979) que embora nÃo tenha usado a palavra poder como um campo de anÃlise nas obras anteriores a 1968, ele estava presente no saber. Desta afirmaÃÃo pode-se inferir que os movimentos do pensamento de Foucault nÃo implicam uma divisÃo estÃtica entre uma fase onde predomina o saber (arqueologia) e outra onde predomina o poder (genealÃgica). O que une e diferencia suas anÃlises nÃo à o objeto a que se referem, mas, antes, o domÃnio em que se situam. Enquanto a arqueologia pretende descrever o discurso para revelar como o saber nele aparece regulado; a genealogia quer mostrar como nas prÃticas discursivas hà uma relaÃÃo saber-poder que permite o exercÃcio do poder. Deste modo, a descriÃÃo arqueolÃgica da regularidade dos discursos permite a genealogia localizar os pontos de luta em que o intelectual deve exercer sua crÃtica. Para Foucault o discurso apresenta-se como uma realidade complexa e que, por tanto, à preciso analisÃ-lo em diferentes nÃveis. Por um lado, o discurso aparece como um conjunto regulado; por outro lado, mostra-se polÃmico e estratÃgico. Assim, a crÃtica que arqueologia e genealogia fazem a concepÃÃo moderna do sujeito constituinte sà pode realizar-se onde o saber e o poder vÃm se alojar: no discurso. Enfim, demonstra-se que tanto a arqueologia quanto a genealogia fazem parte da proposta de Foucault de fazer da filosofia uma tarefa crÃtica do presente atravÃs da problematizaÃÃo do pensamento como um acontecimento