Fatores relacionados à escolha da especialidade médica..

A escolha da especialidade médica apresenta importância individual e social, influenciando o futuro profissional e a cobertura de atenção à saúde. Essa decisão é multifatorial e se baseia em variáveis intrínsecas e extrínsecas ao indivíduo. Objetivo: Avaliar quais os fatores relacionados à escolha das especialidades médicas dos estudantes da graduação e médicos recém-formados que iriam prestar prova de residência no ano de 2013. Metodologia: Em 2012, nas cidades de Salvador (BA) e Rio de Janeiro (RJ), foram aplicados questionários padronizados para estudantes de medicina do 9º ao 12º período e médicos que prestariam concurso para residência médica no ano de 2013. Os questionários interrogavam variáveis sociodemográficas, 3 opções de especialidades escolhidas e 3 rejeitadas (classificadas em clínicas e cirúrgicas, com estilo de vida controlável e, incontrolável e especialidades passíveis de atender na atenção primária). Foram questionadas as experiências ao longo da academia e a percepção do participante em relação a fatores de influência da escolha da carreira, graduados de 0 a 4 ( 0=ausência de influência; 4=influência máxima). Resultados: Foram aplicados 1.223 questionários. 62,5% da amostra foi do sexo feminino e este gênero apresentou chance 3,8 vezes maior de seguir especialidades de atenção primária. Os participantes oriundos de cidades com <500.000 habitantes eram apenas 27,7% da amostra e tinham chance 2,2 vezes maior de trabalhar no interior após formados. 89,4% dos participantes fizeram estágio extracurricular, 66,6% participaram de ligas acadêmicas, 58,6% fizeram pesquisas, e estas atividades acadêmicas tiveram íntima relação com as especialidades correspondentes. O momento de escolha das especialidades mais frequente foi o internato (38,7%), e a maioria das rejeições ocorreu entre o 2º e 4º ano do curso (41,6%). Os principais fatores de influência na escolha da especialidade foram aptidão (média 3,5, DP ± 0,7), forma de trabalho (média 3,4; DP ± 0,9), e autonomia (média 2,7; DP ±1,3). As especialidades de atenção primária tiveram influência mais alta nos quesitos, influência do rodízio ( média 3,2; P<0,0001) e compromisso social (média 2,6; P<0,0001). Já as especialidades com estilo de vida controlável tiveram maior influência de tempo pessoal (média 3,1; P<0,0001), autonomia (média 3,0; P<0,0001) e motivo financeiro (média 2,8; P<0,0001). As especialidades clínicas apresentaram maior média de compromisso social ( média 2,5; P=0,0001) e de influência de alguém que admire (média 2,8; P=0,0014). As especialidades cirúrgicas denotaram menor influência de proteção de tempo pessoal (1,4; P