Entre o global e o local: rádio e identidades culturais no sul da Bahia

Este trabalho investiga a influência do rádio nos processos de formação identitária das populações do sul da Bahia, local onde o meio é um dos principais canais de sociabilidade e acesso à notícia midiatizada, à diversão e ao lazer. Para isso, começa por visitar a história regional e a formação dos meios de comunicação locais; identifica como se dá a relação entre o rádio e seu público; investiga os processos de construção das identidades e de que formas (e com que interesses) as mídias – especialmente o rádio – contribuem para isso. Também observa como o meio radiofônico, historicamente local, encara o desafio de, sem perder a proximidade com os ouvintes ou abandonar a localidade, adapta-se aos movimentos contemporâneos e às exigências da globalização. Por fim, para compreender o ambiente em que esses fenômenos ocorrem, estuda o fazer radiofônico e seu elemento principal: os radialistas. Através deles é possível perceber com mais nitidez porque e como o rádio atua na construção identitária regional. Trata-se, portanto, de uma pesquisa empírica com estudo de caso enfocando os municípios de Ilhéus e Itabuna, onde foram aplicados vários instrumentos de coleta de dados tais como entrevistas e questionários voltados para a população regional, para os radialistas e empresas de rádio, além da audição de programas e observação assistemática e direta nas emissoras. Os resultados obtidos contemplam a ideia inicial deste trabalho e revelam que o rádio regional, além de ser o principal instrumento de informação das populações locais, é também um poderoso repetidor de imaginários forjados para/sobre a região. Com isso, não apenas contribui para consolidar as identidades culturais construídas midiaticamente pelos grupos de poder com vistas a encontrar saídas para a crise do cacau como também, dessa forma, ajuda esses mesmos grupos na manutenção da hegemonia que os mantém no poder