De algum modo, as exigências formais de Stéphane Mallarmé(1842-1898) encontram eco nas teorizações igualmente arriscadas de Maurice Blanchot(1907-2003), em torno da literatura como lugar do sentido, do segredo e do mistério sem mistérios do mundo e da arte. Separados temporalmente, o segundo sondou a poética do primeiro como um discreto e elegante sintoma de um dizer que joga o trabalho da palavra ao plano atemporal da poesia do futuro. Estas notas partem das reflexões blanchotianas que abrem O livro por vir (2005), a respeito de um (des)encontro mítico entre a personagem Ulisses e o canto das Sereias, que seria o paradigma da literatura, e também de alguns artigos, desse e de outros livros, em torno da obra do poeta francês, em direção ao ...