ASPECTOS MORFOESTRUTURAIS DA MARGEM COSTEIRA DO EXTREMO SUL DA BAHIA (BRASIL): IMPLICAÇÕES NEOTECTÔNICAS NA EVOLUÇÃO GEOMORFOLÓGICA COSTEIRA

O presente estudo apresenta uma análise morfotectônica da região costeira do extremo sul da Bahia (Brasil), visando compreender seus aspectos morfoestruturais, bem como a possível influência da atividade neotectônica na construção geomorfológica costeira. As relações entre características geomorfológicas e movimentos verticais de blocos foram interpretadas com base em feições espaciais de superfície a partir de modelos digitais de elevação (MDE) em três principais interfaces: (i) análise de lineamentos estruturais, (ii) análise morfométrica de redes de drenagem e (iii) análise de relevo. Como resultado, sugere-se um controle tectônico sobre os processos geomórficos na cobertura cenozoica. Essa relação é observada no perfil topográfico transversal W-E, principalmente quanto à assimetria e geometria das redes de drenagem. Tais feições sugerem um alto controle tectônico sobre os canais fluviais e um basculamento do substrato para NE. Na porção continental, o domínio da Formação Barreiras apresenta anomalias de relevo positivas que, em um substrato litológico relativamente isotrópico, indicam erosão diferenciada, provavelmente originada por movimentos verticais da crosta e consequente rejuvenescimento do relevo. Essas anomalias são limitadas por vales fluviais de alto entalhamento com direções preferenciais WSW-ESE e NW-SE que, em menor escala, coincidem com parte das direções dos lineamentos estruturais do domínio cristalino. Isso sugere que o padrão de modelagem geomorfológico é influenciado por anisotropias estruturais reliquiares do embasamento. Na interface costeira, propõe-se que os padrões de linha de costa são, além de eventos eustáticos conhecidos, resultado da acomodação tectônica da margem continental. Dessa forma, um modelo morfoestrutural é proposto para auxiliar a compreensão das características de linha de costa originadas, além das flutuações do nível marinho por influência da atividade neotectônica durante o Quaternário.