Uma fonte preciosa para o estudo de uma guerrilha de direita: os Cadernos de Gorongosa da Renamo (Moçambique, 1983–1985)

International audienceOn August 28, 1985, the headquarters of the “anti-Marxist” Mozambican guerrilla group (Resistência Nacional de Moçambique, Renamo) was stormed by Zimbabwean and Mozambican government forces. Renamo was able to evacuate the base but lost part of its archives, including what later became known as the Cadernos de Gorongosa (i.e. the Gorongosa Notebooks). The Mozambican government security services were quick to study them to prove that, despite the Nkomati Accords (1984), South Africa kept on supporting the Mozambican rebellion. The author was able to work through some of these Cadernos, consisting of thousands of handwritten messages—these were decoded transcripts of communications between the commander-in-chief and regional and local guerrilla groups. This makes it possible to study the daily life of this “right-wing guerrilla.” The article reproduces some of these messages, which are now available for consultation in Lisbon.Le 28 août 1985, le quartier général de la guérilla « anti-marxiste » mozambicaine (Resistência Nacional de Moçambique, Renamo) fut pris d’assaut par les forces zimbabwéennes et celles du gouvernement mozambicain. La Renamo avait pu évacuer la base mais y perdit une partie de ses archives, dont ce qui fut plus tard connu comme les Cadernos de Gorongosa (Cahiers de Gorongosa). Les services de sécurité du gouvernement mozambicain s’empressèrent de les étudier pour prouver que, malgré les Accords de Nkomati (1984), l’Afrique du Sud continuait à appuyer la rébellion mozambicaine.L’auteur a pu travailler dans une partie de ces Cadernos, formés de milliers de messages manuscrits – des transcriptions décodées des communications entre le commandement en chef et les groupes régionaux et locaux de la guérilla. Cela permet ainsi d’étudier la vie quotidienne de cette « guérilla de droite ». L’article reproduit quelques-uns de ces messages, qui sont aujourd’hui consultables à Lisbonne.A 28 de Agosto de 1985, o quartel-geral do grupo guerrilheiro “anti-marxista” moçambicano (Resistência Nacional de Moçambique, Renamo) foi invadido pelas forças governamentais do Zimbabué e de Moçambique. A Renamo conseguiu evacuar a base mas perdeu parte dos seus arquivos, incluindo o que mais tarde ficou conhecido como os Cadernos da Gorongosa. Os serviços de segurança do governo moçambicano foram rápidos a estudá-los para provar que apesar dos Acordos de Nkomati (1984), a África do Sul continuava a apoiar a rebelião moçambicana. O autor pôde trabalhar com alguns destes Cadernos, constituídos por milhares de mensagens manuscritas – transcrições descodificadas das comunicações entre o comandante-chefe e grupos de guerrilha regionais e locais. Isto permite estudar a vida quotidiana desta “guerrilha de direita”. O artigo reproduz algumas destas mensagens, que estão agora disponíveis para consulta em Lisboa