Féminicide : nommer pour exister

Cet article analyse, d’un point de vue anthropologique et féministe, les propositions de classification des féminicides, telles qu’elles ont été discutées au Brésil, et qui ont donné lieu à une nouvelle qualification juridique inscrite dans le code pénal. L’auteur démontre l’importance d’une dénomination féministe de la violence de genre et du féminicide ainsi que du contre-discours qui s’oppose au crime passionnel comme argument dominant. Introduit dans le vocabulaire du droit, ce terme a entraîné une reconfiguration des débats dans la sphère juridique et a modifié la perception sociale et culturelle de la violence de genre, rendant possible d’autres formes de prévention du féminicide et de lutte contre sa banalisation.Este artigo analisa desde uma perspectiva teórica antropológica e feminista, as propostas de tipificação do feminicídio, tal como debatidas no Brasil e que resultaram na nova qualificadora incluída no seu Código Penal. O artigo relata e argumenta sobre a importância da nomeação feminista da violência de gênero e do feminicídio. Esta nomeação produziu uma narrativa contra-hegemônica ao entendimento de crimes passionais. Ao se introduzir na linguagem jurídica, estabeleceu novas configurações de embates jurídicos e introduziu alterações na percepção social e cultural de formas de prevenir a violência de gênero e de afastar a banalização dos feminicídios.From an anthropological and feminist theoretical perspective, this article analyzes proposals for the typification of feminicide, as debated in Brazil, which resulted in the new qualifier included in the country’s Penal Code. The article reports and argues about the importance of explicit feminist identification of gender violence and femicide. Such identification produces a narrative that runs counter-hegemonically to the understanding of crimes of passion. By introducing itself into legal language, this terminology established new configurations of legal clashes and introduced changes in social and cultural perception of ways to how to prevent gender-based violence and reverse the banalization of femicide