Como é que as competências compassivas influenciam as experiências de solidão e a qualidade de vida das pessoas com e sem uma doença física crónica?

Dissertação de Mestrado Integrado em Psicologia apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da EducaçãoObjetivo: O presente estudo examina as diferenças das competências compassivas, da solidão e da qualidade de vida, entre os indivíduos com e sem um diagnóstico de doença física crónica. Foi testado um modelo integrativo com o objetivo de examinar se a solidão medeia o impacto da autocompaixão e da abertura para receber compaixão dos outros na qualidade de vida física, psicológica e social.Design: Para este estudo transversal, foram recrutados indivíduos com (n = 278) e sem (n = 455) doença física crónica de modo a responder a um protocolo online de autorresposta.Medidas principais: Escalas dos Atributos e Ações Compassivas (CEAS), Escala da Solidão UCLA (UCLA Loneliness Scale) e Instrumento para a avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-BREF).Resultados: Indivíduos com doença física crónica reportaram menores competências compassivas e qualidade de vida, e maior solidão, quando comparados com os participantes sem diagnóstico. Para ambos, as competências compassivas estavam negativamente associadas à solidão, e positivamente associadas à qualidade de vida. Os resultados da Path analysis indicam que as competências compassivas têm um efeito direto na solidão, o que explica a qualidade de vida percebida dos indivíduos. Conclusão: Os resultados destacam o papel crucial da capacidade de dar compaixão a si mesmo e recebê-la por parte dos outros, na solidão e na qualidade de vida, tanto nos indivíduos com, como nos sem doença física crónica. Estes resultados aparentam ter implicações importantes para a investigação e para a prática clínica.Objective: The current study examined the differences between compassionate abilities, loneliness, and quality of life (QoL), in individuals with and without a diagnosis of a physical chronic disease. An integrative model to examine whether loneliness mediated the impact of self-compassion and openness to receive compassion from others in physical, psychological, and social quality of life was tested.Design: In this cross-sectional study, individuals with (n = 278) and without (n = 455) a physical chronic disease were recruited through an online self-report questionnaire.Main Outcome measures: Compassionate Attributes and Engagement Scales, UCLA Loneliness Scale, and World Health Organization quality of life - BREF.Results: Individuals with a physical chronic disease reported lower compassionate abilities and quality of life, and higher loneliness, when compared with participants without a diagnosis. For both groups, compassionate abilities were negatively linked to loneliness, and positively linked to quality of life. Path analysis results indicated that compassionate abilities have a direct effect on loneliness, which explains individuals’ perceived quality of life. Conclusion: The present study highlights the crucial role of the ability to give ourselves and to receive compassion from others in loneliness and individuals’ quality of life, both in individuals with and without a physical chronic disease. These findings seem to have important research and clinical implications