Programa de intercompreensão em línguas para surdos: um caminho para a emancipação

Os múltiplos desafios do mundo contemporâneo exigem uma educação que proporcione instrumentos para o exercício de uma cidadania ativa e plena nas várias esferas de atuação dos indivíduos. Reconhecendo-se que o mundo contemporâneo demanda novas práticas de literacia e com vistas a incluir e integrar os surdos em um mundo essencialmente diverso, plural e multimodal, está em curso um estudo sobre os efeitos de um Programa de Intercompreensão em Línguas (PIL) no desenvolvimento das multiliteracias dos surdos. Este estudo se insere numa perspectiva de educação para todos, assente na valorização e diálogo com a diversidade, espírito crítico, e mobilização dos saberes e experiências pessoais, aspectos que se alinham com a responsabilidade social da investigação em educação. Neste âmbito, com base em estudos sobre a aplicação pedagógica da intercompreensão (Oliveira, 2016; Paulo, 2019), perspectivas de autores que estudam aspetos relacionados com as multiliteracias plurilingues dos surdos (De Meulder et al., 2019; Hoffman et al., 2017; Kusters et al., 2017) e nos quadros teóricos e heurísticos desenvolvidos no âmbito dos projetos europeus Miriadi e EVAL-IC, o objetivo geral do programa é o desenvolvimento das multiliteracias dos alunos surdos com vista à sua emancipação, empoderamento e exercício de uma cidadania plena. A principal finalidade desta comunicação é descrever, sustentadamente, o processo de concepção do PIL, o referencial teórico que o embasa, seu processo de validação e estrutura.