As Igrejas autônomas. Cristianismo evangélico, xamanismo e movimento indígena entre os baniwa da Amazônia brasileira

Based on one and a half year of ethnographic research, this dissertation explores the religious practices of the Baniwa, an Arawak-speaking group of the Brazilian Amazonia whose members have mainly converted to evangelicalism, a Protestant movement, since the mid-20th century. More specifically, I investigate the reorganization of such practices in an urban context, that is among the Baniwa who live in the city and in peri-urban villages. Through a reflection structured around four major themes – Amerindian conversions, growth of evangelical Churches in Brazil, shamanism and indigenous movements – this work sheds light on a little-known aspect of the Amazonian native people’s relation to Christianity. While Amerindian conversions in the Lowlands of South America are generally presented in anthropological literature as an ephemeral or unstable phenomenon, the results of this analysis show the continuity of the Baniwa evangelical movement. Under the influence of indigenous political mobilizations, this movement emancipates itself from the non-native missionaries and pastors and consolidates itself through the constitution of an extensive network of autonomous native Churches, while reconfiguring the place of shamanism in the group.Cette thèse, qui prend appui sur une enquête ethnographique de près d’un an et demi, porte sur les pratiques religieuses des Baniwa, un groupe de langue arawak de l’Amazonie brésilienne dont les membres ont la particularité d’adhérer majoritairement à l’évangélisme, un mouvement d’origine protestante, depuis le milieu du XXème siècle. Elle explore plus spécifiquement la recomposition de ces pratiques dans un contexte urbain, c’est-à-dire parmi les Baniwa qui se sont établis en ville et dans des villages périurbains. À partir d’une réflexion qui articule quatre grandes thématiques – les conversions amérindiennes, l’expansion des Églises évangéliques au Brésil, le chamanisme et les mouvements politiques indigènes – elle propose d’éclairer une facette méconnue du rapport des indiens d’Amazonie au christianisme. Alors que les conversions des populations autochtones des basses terres de l’Amérique du Sud ont généralement été présentées dans la littérature anthropologique comme des phénomènes éphémères ou instables, les résultats de l’analyse mettent en évidence la pérennité du mouvement évangélique baniwa qui, sous l’influence des mobilisations politiques indigènes, s’émancipe de la tutelle des missionnaire et des pasteurs non-indiens et se consolide à travers la constitution d’un vaste réseau d’Églises indiennes autonomes, tout en donnant lieu à une reconfiguration de la place du chamanisme au sein du groupe.Esta tese, que se apoia numa pesquisa etnográfica de um ano e meio, trata das práticas religiosas dos Baniwa, um grupo de língua arawak da Amazônia brasileira cujos membros têm a particularidade de aderir na sua maioria ao cristianismo evangélico, um movimento de origem protestante, desde a metade do século XX. O trabalho explora mais especificamente a recomposição de estas práticas num contexto urbano, ou seja, entre os Baniwa estabelecidos na cidade e em comunidades periurbanas. A partir de uma reflexão que articula quatro grandes temáticas – as conversões ameríndias, a expansão das Igrejas evangélicas no Brasil, o xamanismo e os movimentos políticos indígenas – propõe revelar uma faceta pouco conhecida da relação dos índios da Amazônia com o cristianismo. Enquanto as conversões das populações indígenas das terras baixas da América do Sul foram geralmente apresentadas na literatura antropológica como fenômenos efêmeros ou inestáveis, os resultados da análise demonstram a perenidade do movimento evangélico baniwa que, sob a influência das mobilizações políticas indígenas, se emancipa da tutela dos missionários e pastores não-índios e se consolida através da constituição de uma ampla rede de Igrejas nativas autônomas, gerando ao mesmo tempo uma reconfiguração do lugar do xamanismo dentro do grupo