Educação e autoridade : perspectiva histórica e reconsideração pedagógica

Dissertação de Mestrado em Educação - Área de História da Educação e da PedagogiaA problemática da autoridade é um tema que tem marcado os debates travados nas várias esferas das sociedades modernas contemporâneas, tendo subjacente o despontar de novos ideais, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento da personalidade humana, considerando os valores da igualdade e liberdade. Relativamente às relações educativas sobressai a nova representação da infância patente nas declarações dos direitos da criança, tendo culminado com a Convenção de 1989 que consagra à criança direitos-liberdade e direitos-protecção, contribuindo inequivocamente para a degradação de uma autoridade imperativa e rígida. Essa autoridade de carácter tradicional, assente numa lógica completamente desfasada dos valores democráticos, dá origem a práticas contraditórias e desajustadas. Com efeito, as dificuldades dos educadores/professores aumentam, estabelecendose o debate para o qual não tem sido fácil encontrar soluções consensuais. Assim, motivados pela configuração de crise que vem pôr em causa o desempenho docente, quisemos aprofundar e clarificar as causas subjacentes, por forma a investirmos na procura de respostas que permitam reequacionar as teorias e práticas pedagógicas, e bem assim, contribuir para a formação de educadores/professores, no intuito de salvaguardar o exercício da autoridade educativa numa perspectiva de adaptação à ética democrática. Neste sentido, recorremos à análise documental tendo por princípio a revisão e interpretação cuidada da literatura, de modo a tornar possível a averiguação de diferentes e relevantes perspectivas. Por conseguinte, a dissertação divide-se em duas partes, com dois capítulos cada. A primeira parte destina-se à realização de uma retrospectiva histórica, partindo da antiguidade clássica até à contemporaneidade, na intenção de contextualizarmos o objecto de estudo. A segunda parte destina-se à indagação dos contextos actuais, no sentido de identificarmos a crise instalada e as suas causas, preparando a descoberta de novos rumos. Depois de ponderadas as hipóteses levantadas, somos levados a depreender que as práticas educativas ainda estão muito ligadas a uma filosofia imperativa, em nada abonatória de uma autoridade bem exercida. Assim, concluímos ser necessário partir para uma reconceptualização da autoridade que enquadre a negociação e o consentimento como base da sua implementação, tendo sempre presente o respeito pela pessoa do outro, apesar de, inevitavelmente, permanecerem algumas questões em aberto.The issue of authority is a theme that has been present in the debates taken place in the various fields of contemporary societies, bearing in mind the appearance of new ideals, particularly concerning the development of human personality, considering the values of equality and liberty. With regards to the educative relationships, it is pointed out a new representation of childhood stated in the declaration of children’s rights, having reached its highest point, in the 1989 Convention, which gives children rights of freedom and rights of protection, contributing this way to the degradation of an imperative and strict authority. This traditional featured authority is based on an out of phase logic in relation to the democratic values, giving origin to contradicted and unsuitable practices. As a result, the difficulties of the educators/teachers rise, establishing the debate for which it has not been easy to find appropriate solutions. Thus, motivated by situations of crises, which questions the role of the docent, we want to deepen and clarify the causes which lead to this, so that we invest in the search for answers enabling to revise the pedagogic theories and practices, contributing this way to the formation of educators/teachers, aiming to preserve the practise of the educative authority, in adaptation to a democratic ethic view. In this sense, we have recoursed to documental analyses, having processed to a careful revision and interpretation of the bibliographical, capable of providing an investigation of different and relevant perspectives. Therefore, this dissertation is divided into two parts, with two chapters each. The first part aims at a historical retrospective, beginning in the classical ancient times to contemporariness, so that the objective of the study is contextualized. The second part is designed to questioning the actual contexts, so that the installed crisis and its causes, are identified, enabling the discovery of new directions. After balancing the hypothesis, we are led to conclude that the educative practises are still linked to an imperative philosophy, which accounts for an ill practise of authority. In conclusion, we believe it is necessary to conceptualise the authority which combines negotiation and consent as a bases of its implementation, always bearing in mind the respect for others, although, inevitably there will always remain some questionable issues