Estigma, vergonha e maternidade: estudo compreensivo sobre a vida de trabalhadoras sexuais

O trabalho sexual é conhecido e estudado historicamente através de diversas perspectivas. Neste estudo, pretendemos aprofundar aspetos relacionados com as consequências do estigma, da vergonha e da vida dupla sobre as trabalhadoras do sexo, além de refletir sobre a maternidade e os padrões impostos em relação a esta. A metodologia utilizada foi a observação participante através da imersão no terreno, em um espaço onde ocorre comércio sexual, localizado na cidade do Porto. As visitas ao espaço decorreram durante seis meses e incluíram a observação e a interação com mulheres trabalhadoras sexuais. Estas mulheres, com idade entre os 22 e os 61 anos, trabalhavam no comércio sexual há entre um e doze anos. Os principais objetivos, que foram identificados após observação no terreno, são reconhecer e compreender o estigma que as mulheres trabalhadoras sexuais sofrem e suas consequências nas suas vidas pessoais e profissionais; entender e relacionar os papéis sociais da mulher com o padrão imposto pela sociedade da representatividade do ideal de feminino e da maternidade e, por fim, analisar a relação e os impactos do exercício da maternidade junto com o trabalho sexual. Conclui-se que é necessário desconstruir e desestigmatizar o comércio sexual, com a finalidade de inclusão das profissionais do sexo na sociedade e de minimizar situações de violência e exploração. Espera-se que o presente estudo possa contribuir para explorar a discussão sobre o tema do trabalho sexual, com o propósito de ampliar novas perspectivas sobre o tema