Fatores psicológicos associados à qualidade de vida em pacientes com VIH/SIDA

Esta investigação tem como principal objetivo estudar a associação de diversas variáveis sociodemográficas, clínicas e psicológicas - apreciação corporal, responsividade corporal, afetos positivos, afetos negativos, ansiedade e depressão - com a qualidade de vida em pacientes com VIH. O estudo foi realizado no Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, a partir de uma amostra de 60 adultos seropositivos com idades compreendidas entre os 18 e os 67 anos e com diagnóstico de VIH há pelo menos 6 meses. Os dados foram recolhidos com recurso aos seguintes instrumentos: Questionário Sociodemográfico e Clínico, Escala de Apreciação Corporal 2 (BAS-2), Escala de Responsividade Corporal (BRS), Escala dos Afetos Positivos e Negativos (PANAS), Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) e Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-BREF). De um modo geral, conclui-se que não existem diferenças estatisticamente significativas atribuíveis à idade, escolaridade, estado civil, tempo de diagnóstico, tempo de tratamento, efeitos secundários do tratamento e a presença de outras doenças crónicas. Ainda assim, existem diferenças significativas em função do sexo dos participantes relativamente aos domínios físico e ambiental da qualidade de vida (em ambos os casos, as médias masculinas são superiores). Para além disso, a apreciação corporal e os afetos positivos estão positivamente associados com a qualidade de vida, enquanto que os afetos negativos, ansiedade e depressão estão negativamente associados com a variável em questão. Não foram encontradas correlações significativas entre a responsividade corporal e a qualidade de vida. Os modelos preditores dos vários domínios da qualidade de vida revelam-se significativos, explicando 32% da variância para o domínio geral, 38% para o domínio físico, 71% para o domínio psicológico, 25% para o domínio das relações sociais e 18% para o domínio ambiental. Embora a ansiedade tenha um contributo menor e a responsividade corporal não contribua de todo para os resultados, estes são particularmente influenciados pela apreciação corporal, afetos positivos, afetos negativos e depressão, sobretudo na dimensão psicológica da qualidade de vida. A depressão foi o indicador com contributo único em todos os modelos com exceção da qualidade de vida geral. Assim, futuras intervenções deverão prestar especial atenção às variáveis com impacto comprovado na qualidade de vida desta população clínica