A reterritorialização do retornado cearense: Uma perspectiva geográfica

O presente momento da humanidade tem proporcionado o surgimento de um vasto número de agentes sociais que, por força do contexto socioeconômico, constituem-se novos sujeitos. No bojo dessas mudanças econômicas e sociais globais, os migrantes laborais estão entre os sujeitos que mais sofrem e causam transformações espaciais. O presente trabalho investiga o migrante no seu processo de retorno, o migrante retornado, tendo por objetivos identificar elementos motivadores para o retorno, sua ação espacial transformadora no lugar de retorno e mostrar que o peso simbólico do lugar de origem influencia decisivamente no processo. Buscou-se assim apresentar como se dá a reterritorialização deste indivíduo no seu lugar de retorno. Em função das condições da pesquisa e das limitações para a investigação, a escala de estudo foi reduzida aos limites de alguns municípios no interior do Ceará, entendendo que este estado se constitui como um dos grandes polos de emigração inter-regional do Brasil e hoje se delineia como um dos grandes receptores de migrantes de retorno. Sendo assim, o migrante retornado assume feições características de quem incorporou elementos dos territórios distintos onde estabeleceu sua territorialidade, constituindo-se, portanto, em um sujeito multiterritorial. Por fim, o retornado cearense, através de sua territorialidade, é visto, para além dos estigmas e estereótipos de migrantes, como sujeito social relevante e, em parte, também, um agente de seu destino