Monitorização do excesso de peso e obesidade na população infantil: Contributos para a gestão de cuidados de saúde

Dissertação de Mestrado em Gestão dos Serviços de SaúdeA obesidade é considerada como um problema de saúde pública, afectando homens e mulheres de todos os grupos etários e estratos socioeconómicos, tanto nos países desenvolvidos como nos chamados “em vias de desenvolvimento” (WHO, 2002). Com uma magnitude cuja projecção aponta para que em 2025 mais de 50% da população mundial seja obesa, é considerada doença e factor etiológico que provoca ou acelera o desenvolvimento de muitas outras doenças e de morte precoce, o que levou a Organização Mundial de Saúde a considerá-la como a epidemia global do século XXI (WHO, 2007). Actualmente, são as crianças o grupo mais afectado, evidenciando-se comportamentos alimentares e actividades sedentárias que as colocam em risco potencial de se tornarem obesas e com vários problemas na vida adulta. É imprescindível uma intervenção precoce para uma maior assimilação de hábitos de vida mais saudáveis, controlando a obesidade e evitando as suas consequências. A problemática actual e cada vez mais comentada da obesidade infantil determinou a necessidade de um conhecimento mais aprofundado circunscrito a uma população específica, definindo-se os seguintes objectivos: i) Avaliar a prevalência do excesso de peso e obesidade em crianças do 1º ciclo do ensino básico das escolas do agrupamento vertical do concelho de Peso da Régua; ii) Caracterizar a prevalência da obesidade nos pais das crianças; iii) Descrever os hábitos alimentares e o consumo alimentar das crianças; iv) Descrever a prática de actividade física das crianças. Trata-se de um estudo de carácter empírico não experimental, inscrito num paradigma quantitativo, que envolveu a participação de 199 alunos com idades que variam entre os 6 e 11 anos. A recolha de dados foi feita através de um questionário dirigido aos pais ou encarregados de educação (características gerais do agregado familiar, dados relativos ao peso no momento do nascimento e aos dois anos de vida, hábitos de lazer, alimentares e actividade física), e da avaliação rigorosa de parâmetros antropométricos com vista a determinação do Índice de Massa Corporal, a classificação de magreza, peso normal, excesso de peso e obesidade. Quanto à média do peso das crianças por sexo, é ligeiramente superior no sexo masculino, quer ao nascimento quer aos dois anos de idade. Quanto à avaliação do Índice de Massa Corporal, a maioria (60,10%) das crianças apresenta peso normal, sendo a prevalência de excesso de peso e obesidade de apenas 8,07%, com as situações de excesso de peso mais comuns no sexo feminino. Quanto à actividade física, de salientar que todas as crianças a realizam no espaço escolar. Quanto a actividades como ver televisão e utilizar o computador, são amplamente realizadas pela maioria das crianças. A maioria das crianças faz todos os dias as principais refeições, toma todos os dias o pequeno-almoço, o almoço, o lanche e o jantar e a maior parte tem por hábito, uma vez por semana consumir fast-food. Contudo, os resultados obtidos evidenciam a necessidade de um olhar particular para alguns factores que condicionam cada vez mais o aparecimento deste problema de saúde, como os hábitos alimentares, a prática de exercício físico, sendo necessário reforçar as estratégias de intervenção no âmbito da saúde escolar com vista a sua maximização para uma gestão eficaz dos recursos em saúde.Considered as a public health problem obesity affects men and women of all age groups and social and economic strata, both in developed and in developing countries (WHO, 2002). With a magnitude where the projection indicates that in 2025 over 50% of the population will be obese, obesity is considered a disease and an etiological factor that causes or accelerates the development of many other diseases and early death. This fact led the World Health Organization to consider it as the global epidemic of the XXI century (WHO, 2007). Nowadays, children are the most affected group, showing eating behaviours and sedentary activities that put them at potential risk of becoming obese and of having a lot of problems when adults. It is indispensable an early intervention for a greater assimilation of habits of living healthy, controlling obesity and its consequences. The current problematic and increasingly talked of childhood obesity led to the need for a deeper knowledge confined to a specific population defining the following objectives: i) to evaluate the prevalence of overweight and obesity in children of elementary school, in basic school of the vertical group of Peso da Régua; ii) to characterize the prevalence of obesity in these children parents; iii) to describe eating habits and dietary intake of children; iv) to describe physical activity practice in children; v) to differentiate the prevalence of overweight and obesity in terms of sociodemographic variables. This is an empirical study of non-experimental character registered in a qualitative paradigm which involved the participation of 199 students with ages between 6 and 11 years old. The data collection was done by a questionnaire to their parents or guardians (general characteristics of the household; data on weight at birth and at two years of life; leisure habits; eating habits and physical activity), and by a rigorous evaluation of anthropometric parameters for the determination of body mass index, the classification of underweight, normal weight, overweight and obesity. In terms of the average weight of children for sex is slightly higher in males, either at birth or at two years of age. Related to the body mass index evaluation the majority (60,10%) of children have a normal weight and the prevalence of overweight and obesity is only 8,07% with the overweight situations more common in female sex. About the physical activity, it must be said that all children do it in the school. In terms of activities such as watching tv and using the computer are very used by the majority of children. Most children do every day the main meals, have breakfast, lunch, snack and dinner and most of them eat fast food once a week. However the obtained results highlight the need for a particular look for some factors that influence the increasingly appearance of this health problem, such as eating habits, physical exercise practice and the need of strengthen the intervention strategies in health education with a view to its maximization for an efficient management of resources in health