Saúde, sofrimento mental e trabalho: um estudo sobre as determinações do sofrimento mental dos trabalhadores

-A relação entre o modo de produção capitalista e as causas de sofrimento mental dos trabalhadores pautou a dissertação da acadêmica Marcela Mendes Sales. A pesquisa foi realizada e apresentada no Programa de Pós-graduação em Serviço Social (PPGSS), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O estudo analisa a produção teórica do tema, com autores de uma linha crítica de pensamento, e adota como eixo central as relações de trabalho no contexto do capitalismo. “Buscamos nas contribuições de Asa Laurel, que, no século passado, mais precisamente em um período de crise econômica e reestruturação produtiva, produziu uma abordagem sobre os fatores do adoecimento, relacionando-os às suas determinações sociais. Marcela explica, ainda, que nos campos da saúde, a experiência italiana no pós-Segunda Guerra Mundial tornou-se referência, ao introduzir na luta dos trabalhadores as problemáticas da saúde e do adoecimento. “Este processo ficou conhecido como Modelo Operário Italiano – MOI, que uniu médicos, técnicos, trabalhadores e sindicatos no enfrentamento às condições de trabalho impostas pelas fábricas”, ressalta. Segundo a pesquisadora, o antagonismo entre o capital e o trabalho modifica-se ao longo da história, mas permanece inalterado em sua essência. Para Marcela, a temática é relevante na atual conjuntura, especialmente pela intensificação do sofrimento mental. Com o fundamento da crítica ao modo de produção capitalista, Marcela destaca que “o capital exerce importante influência no modo de adoecer nesta sociedade, gerando consequências danosas aos trabalhadores.” Esses efeitos são cada vez mais visíveis, segundo ela, “uma vez que temos assistido a vários eventos de grande magnitude que demonstram as atrocidades do capital, tais como o rompimento da barragem em Mariana/MG, a explosão do gasômetro em Ipatinga/MG, o rompimento da barragem em Brumadinho/MG, entre outros acidentes que nem chegam ao conhecimento da população.” O professor orientador, Marco José de Oliveira Duarte, pontua que a pesquisa provoca o debate tanto para o Serviço Social, quanto para as áreas afins nas quais o objeto de análise está presente, “como a Psicologia, a Saúde Coletiva, a Sociologia dentre outras que, comprometidas numa perspectiva ética e política, tomam o trabalho, a saúde e o sofrimento mental dos trabalhadores e das trabalhadoras em tempos sombrios em que estamos, de não garantias de direitos, inclusive de trabalho e saúde, visto que esses estão estreitamente ligados às condições de vida da classe trabalhadora, mas porque cada vez mais é visível os dados empíricos sobre o sofrimento mental no mundo do trabalho.