Artes, curadoria informacional e reputação na revista Artecapital

Os processos de globalização e digitalização têm interpelado, desafi ado e modifi cado o lugar e o entendimento de cultura no jornalismo, as lógicas de produção e receção de informação e as fontes de reputação profi ssional. O estudo destas alterações ganha relevância também pela centralidade dos intermediários culturais nos projetos editoriais, proporcionando a compreensão da complexidade do trabalho cultural na economia do conhecimento, cada vez mais uma economia digital baseada em freelancing (Capelli e Keller, 2013). O estudo da Artecapital, a partir de análise documental e na realização de entrevistas1, demonstra, com as suas especifi cidades, as viragens que o processo de digitalização tem suscitado na organização do jornalismo cultural e da crítica de artes. O texto caracteriza a revista eletrónica, publicada desde 2006, em quatro partes: a primeira incide na génese do projeto editorial; a segunda foca a sua estrutura organizativa; a terceira analisa o formato editorial; a quarta centra-se nos produtores dos textos. A conclusão sistematiza o que mais confere signifi cado à Artecapital, avançando-se uma síntese inicial. Viabilizada pela economia de custos do suporte digital, a revista inspira-se nos géneros jornalísticos convencionais, desenvolve possibilidades das novas tecnologias, como a curadoria informacional. Orientada por uma equipa minimal, a plataforma suporta a sua longevidade num conjunto constantemente renovado de colaboradores, que entregam e expõem a escrita e a reflexão sobre arte e cultura em nome da autoexpressão e procura de visibilidade.