Caracterização patológica e imuno-histoquímica de cinomose em graxains

A cinomose é uma doença viral de ampla distribuição e que pode acometer inúmeras espécies da ordem Carnivora. Possui apresentação multissistêmica e frequentemente acomete o sistema nervoso central, causando encefalite. O graxaim-do-mato (Cerdocyon thous) e o graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus) são canídeos amplamente encontrados no Rio Grande do Sul e que possuem grande susceptibilidade à doença. Através de um estudo retrospectivo de 2013 a 2015 e prospectivo até maio de 2016 caracterizou-se os achados patológicos de graxains infectados naturalmente pelo vírus da cinomose, diagnosticados pelo Setor de Patologia Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (SPV-UFRGS). Para a identificação do antígeno viral realizou-se a técnica imuno-histoquímica pelo método estreptavidina-biotina ligada à fosfatase. Durante o período foram realizadas no SPV-UFRGS 16 necropsias de C. thous e duas necropsias de L. gymnocercus. Destas, em quatro casos estabeleceu-se o diagnóstico de cinomose por meio de exame histopatológico. Dados referentes à espécie, sexo, idade aproximada e sinais clínicos foram coletados e analisados. Três animais pertenciam à espécie C. thous e um L. gymnocercus. Os graxains jovens foram mais acometidos e não houve diferença entre sexos. Os sinais clínicos relatados foram predominantemente neurológicos e correspondiam à mioclonia, paresia, opistótono e nistagmo. Os principais achados macroscópicos foram secreção ocular, pulmões não colabados e avermelhados e linfonodos mesentéricos aumentados. Histologicamente a principal lesão encontrada foi desmielinização em cerebelo, caracterizada por vacuolização em substância branca, além de áreas de malacia associadas a grande quantidade de macrófagos espumosos (células de Gitter), astrócitos gemistocíticos e ocasionais corpúsculos de inclusão intranucleares e intracitoplasmáticos eosinofílicos em astrócitos. Nos testes imuno-histoquímicos evidenciou-se marcação positiva para cinomose em cortes de cerebelo, principalmente em astrócitos, células da micróglia e neurônios. O teste imuno-histoquímico mostrou-se um método eficiente para a detecção do antígeno viral em amostras conservadas em parafina.Distemper is a viral disease of wide distribution and can infect many species of the Carnivora order. It has multi system presentation and frequently infect the central nervous system, causing encephalitis. The crab-eating fox (Cerdocyon thous) and the pampas fox (Lycalopex gymnocercus) are canids widely found in Rio Grande do Sul and that have high susceptibility to the disease. Through a retrospective study from 2013 to 2015 and prospective until May 2016, were analyzed the pathological findings of crab-eating foxes and pampas fox naturally infected by the distemper virus diagnosed by the Veterinary Pathology Sector of the Federal University of Rio Grande do Sul (SPV-UFRGS). To identify the viral antigen, it was performed the immunohistochemistry technique with the streptavidin-biotin method linked to phosphatase. Within the period 16 necropsies of C. thous were conducted at SPV-UFGRS and two necropsies of L. gymnocercus. Of these, in four cases it was established the diagnosis of distemper by histopathology exam. Data regarding the species, gender, approximate age and clinical signs were collected and analyzed. Three animals belonged to the C. thous species and one L. gymnocercus. Young crab-eating foxes were most affected and there was no difference between gender. The reported clinical signs were predominantly neurological and corresponded to myoclonus, paresis, opisthotonos and nystagmus. The main macroscopic findings were eye secretion, lungs not collapsed and reddish and enlarged mesenteric lymphnodes. Histologically the main lesion found was demyelination in cerebellum, featured by white matter vacuolization, beyond malacic areas associated with large amount of gitter cells, gemistocytic astrocytes and occasional intranuclear inclusion bodies and intracytoplasmic eosinophilic in astrocytes. In immunohistochemistry exam it was evidenced positive staining for distemper in cerebellar cuts, mainly in astrocytes, microglia cells, and neurons. The immunohistochemistry exam proved to be an efficient method for the detection of the viral antigen in samples preserved in paraffin