Conhecer a parentalidade para prevenir a delinquência: a influência da família na delinquência juvenil

A família é o primeiro contexto de socialização e, como tal, cumpre, desde cedo, um papel fundamental no desenvolvimento das crianças. Na adolescência, fase em que, por diversos motivos, o risco de envolvimento em comportamentos de risco é mais elevado, um funcionamento familiar assente em estratégias e comportamentos parentais desadequados assume-se como um fator de risco da delinquência juvenil. A presente investigação visa estudar a relação entre a delinquência juvenil e o funcionamento familiar, usando para tal a perceção dos adolescentes relativamente às práticas educativas parentais. Foi aplicado um questionário de autopreenchimento a 127 jovens a frequentar um estabelecimento de ensino público na zona do Porto, constituído por um grupo de questões sociodemográficas, por questões de delinquência autorrevelada, retiradas do Inquérito de Delinquência Autorrevelada e pelo Questionário de Estilos Educativos Parentais revisto. Dos 127 participantes, 61 inserem-se no grupo de jovens delinquentes e 66 no grupo de jovens não delinquentes. Os resultados revelaram diferenças significativas entre o grupo de jovens delinquentes e o grupo de jovens não delinquentes quanto à sua perceção relativamente às 3 dimensões de práticas educativas parentais em estudo, sendo que jovens delinquentes percecionam níveis mais baixos de conhecimento parental, clima positivo e promoção de autonomia psicológica, comparativamente aos jovens não delinquentes. Para além disso, as 3 dimensões de práticas educativas parentais em estudo, revelaram explicar, no seu conjunto, 64% da delinquência, sendo que se verificou que o conhecimento parental e a promoção de autotomia psicológica são preditores significativos da delinquência. Estes dados revelam a urgência de se investir no desenvolvimento de programas de prevenção da delinquência juvenil, que incidam não apenas sobre os jovens, mas também na sua família