A centralidade em questão: formas, escalas e interfaces urbanas

Desde o inicio dos anos noventa, o processo de metropolização e de residencialização de centros urbanos traz a questão da centralidade novamente à tona nas figuras de projeto de desenvolvimento territorial depois de ter sido renegada por quase meio século à favor da disseminação do urbano. A noção de centralidade evolui com a formação, o desenvolvimento e a conurbação das cidades e das regiões urbanas num contexto neoliberal de competitividade de territórios e de globalização da economia. Face à este contexto e à diversidade de formas, escalas e sistemas de centros, a busca de coerência urbanística para atender às necessidades da sociedade pós-industrial representa provavelmente um dos mais importantes desafios à vencer através da evolução dos métodos de urbanismo e de planificação espacial. O presente artigo tem por objetivo discutir a (re) emergência da centralidade nos métodos de planificação urbana à partir de uma análise dialógica entre as figuras do círculo e da trama. Esta análise é dividida em três partes : a primeira busca demonstrar pela representação pictural, mais especificamente através das obras de Paul Klee e de Wassily Kandinsky, a relação dialógica entre trama, círculo e centro ; a segunda aborda esta mesma tensão através da geografia, associando à figura do círculo à figura do hinterland, e a figura da trama à figura do hinterworld, enquanto que a terceira e última parte contribui ao discurso teórico com uma tipologia urbanística das interfacialidades sistêmicas entre formas e escalas relacionadas à emergência de novas formas de centralidad