Conservar o património construído: formação superior do conhecimento teórico à prática

Na atual era do conhecimento, caraterizada pela informação fácil e rápida, cai-se muitas vezes na ilusão de que todo o conhecimento é de simples e imediata aquisição. Esquecemo-nos, muitas vezes de parar para pensar, para refletir sobre o que os nossos olhos veem, mas o cérebro nem sempre processa. Quando se entra num edifício histórico abandonado, o que cada um vê? vê algo que está velho, sujo e degradado ou vê um espólio de conhecimento secular e arte de bem-fazer? Um edifício é, de facto, uma enciclopédia de técnicas e processos que foram experimentados e melhorados ao longo de gerações. Só temos de saber desvendar a sua linguagem. Mas como podem sabê-lo, hoje, os profissionais da construção? Para dar resposta a essa questão, foi criada há 6 anos, na Área Departamental de Engenharia Civil do ISEL, a Pós-graduação em Conservação e Reabilitação de Construções, com a duração de um ano. São também organizadas palestras e cursos de curta duração dentro da mesma temática. Estas formas de formação e disseminação do conhecimento técnico e científico, fazem associação da teoria em sala de aula, com atividades práticas laboratoriais e oficinais, bem como com o desenvolvimento de trabalho prático em edifícios reais. Assim, o formando aprende a respeitar e compreender os edifícios antigos, a fazer inspeção/diagnóstico, avaliação de segurança e também a realizar os trabalhos de conservação, restauro e reabilitação de que necessitam. O presente artigo pretende apresentar os processos e metodologias de ensino que têm tido êxito, mas também expor as dúvidas com que nos debatemos e discutir as opções que temos tomado, de forma a criar uma discussão alargada com a comunidade científica e assim melhorar a qualidade e eficiência do ensino da reabilitação e conservação de edifícios, incentivando outros a melhorar também. In the present age of knowledge, characterized by quick and easy information, one often falls into the illusion that all knowledge is easy and immediate to acquire. We often forget to stop to think, to reflect on what our eyes see but the brain sometimes does not process. What does each of us see when we enter an abandoned historic building? Do you see something that is old, dirty and degraded, or do you see a booty of secular knowledge and art of well-doing? A building is, in fact, an encyclopedia of techniques and processes that have been tested and improved over generations. We simply must know how to uncover their language. But how can professionals know it today? In order to answer this question, a one-year postgraduate course in Conservation and Rehabilitation of Buildings was created six years ago in the Departmental Area of Civil Engineering of ISEL. There are also lectures and short courses on the same subject. These forms of training and dissemination of technical and scientific knowledge, associate theory in the classroom, with practical laboratory and workshop activities, as well as with the development of practical work in real buildings. Thus, the trainee learns to respect and understand the ancient buildings, to do inspection / diagnosis, safety assessment and to carry out the conservation, restoration and rehabilitation works that they need. The present article intends to present the processes and methodologies of teaching that have been successful, but also to expose the doubts with which we are confronted and to discuss the options that we have taken, in order to create a broad discussion with the scientific community and thus to improve the quality and efficiency of teaching rehabilitation and conservation of buildings, encouraging others to improve as well.