Plotino e o ceticismo

O que segue é apenas o conjunto de algumas hipóteses de trabalho a respeito da presença de argumentos céticos nas Enéadas, particularmente no tratado V 3 [49]. O ceticismo apresenta-se no interior de um variegado de argumentos dos quais Plotino se vale contra teses que ele pretende criticar. Tais teses dizem respeito: a) ao conhecimento sensível, toma do como fonte do conhecimento verdadeiro, cujo questionamento leva Plotino a compreender que a verdade situa-se em outra instância que não a esfera do sensível; b) à identidade entre o Intelecto e seu conteúdo, no plano inteligível; c) ao questionamento da possibilidade de que o Intelecto divino, em seu sentido aristotélico, seja o princípio primeiro da realidade; d) à problemática da inefabilidade do Primeiro Princípio. Nossa estratégia será a de: a) abordarmos algumas hipóteses acerca da estrutura do inteligível e da possibilidade do conhecimento de si, identificando quais são os usos plotinianos de tal estrutura e como ela pode ser mobilizada na crítica ao Intelecto, se tomado como princípio. Desse problema decorre b) a identificação da presença do ceticismo na questão da negatividade fundamental do Primeiro Princípio inefável, que denota a impossibilidade absoluta de introduzir qualquer relação de alteridade e exterioridade provindas de nossas afecções, em nosso discurso sobre o Uno. Tais referências ao ceticismo levam-nos a considerar seu papel, como modus operandi, no interior da metodologia filosófica plotiniana. Nossa preocupação, portanto, é essencialmente metodológica.There follows a conjunction of working hypotheses about the presence of sceptical arguments in the Enneads, especially tractate V 3 [49]. Scepticism appears in various arguments Plotinus levels against theses he criticizes. Such theses are about: a. sense knowledge, taken as the source of true knowledge, whose questioning leads Plotinus to understand that truth does not rest in the sphere of the senses; b. the identity of the intellect and its content, in the intelligible plane; c. the questioning of the possibility of the divine intellect, in Aristotle's sense, being the first principle of reality; d. the problematic of the ineffability of the first principle. Our strategy will be to a. deal with some hypotheses about the structure of the intelligible and of the possibility of knowledge per se, identifying Plotinus' uses of such a structure and how it can be mobilized in the critique of the intellect, if regarded as a principle. From this problem b. follows: the identification of the presence of skepticism in the question of the fundamental negativity of the first ineffable principle, which denotes the absolute impossibility of introducing any relation of alterity and exteriority from our affections, in our discourse about the One. Such references to skepticism lead us consider its role, as modus operandi, in the interior of the Plotinian philosophical methodology. Our focus, therefore, is essentially methodological