Díades de cuidado envelhecidas: pais e filhos idosos

Enquadramento: Do ponto de vista populacional, o grupo dos muito idosos (onde se inclui os quase centenários e os centenários) tem vindo a registar um crescimento significativo; contudo, viver muitos anos está frequentemente associado à dependência funcional e perda de autonomia. Os filhos são os principais cuidadores dos pais, por isso, têm de gerir os desafios diários da longevidade do progenitor e do próprio processo de envelhecimento. Objetivos: Este estudo provê uma análise da experiência de pessoas idosas (com 70+ anos), enquanto cuidadores e filhos de um progenitor quase centenário ou centenário (95+ anos). Metodologia: Participaram 15 filhos cuidadores, com uma média de idade de 72 anos (DP=2,40). Na recolha de dados, foram realizadas entrevistas semiestruturadas aos cuidadores, e foram recolhidos dados sociodemográficas dos filhos cuidadores e do progenitor, assim como dados sobre a funcionalidade destes últimos. Resultados: Os principais resultados relativos às díades que neste estudo foram maioritariamente constituídas por filhas cuidadoras das suas mães em contexto de coabitação, revelam que há pouca reflexão sobre ser filho aos 70 anos; de um modo global a experiência é descrita como sendo positiva, apesar de inesperada, e muito centrada no papel de cuidador. Este papel acarreta implicações no desejo de manter e cuidar da mãe em casa, nas dificuldades em realizar as tarefas dos cuidados e na própria perceção do futuro enquanto potencial recetor de cuidados. Conclusão: Este estudo revela a importância de desenvolver um sistema de maior apoio a estes cuidadores, sobretudo num contexto de coabitação.Background: The oldest-old (including near-centenarians and centenarians) have been experiencing an expressive population growth. Living longer is often associated with dependency and an autonomy loss. In these cases, children are frequently required to be their parents‘ main caregivers. This is usually proven to be a challenge between managing their parents‘ daily needs and their own ageing process. Aim: This study explores older adults‘ experiences (70 years old and over) both as caregivers and children of near-centenarians and centenarians‘ parents. Methods: It is based on the experience of fifteen caregivers with an age average of 72 years old (SD=). Semi-structured interviews were conducted to the children, and information obtained of sociodemographic (children and parents) and functional status (parents). Results: Main results indicate that female caregivers (daughters) are more frequent than their counterparts. Regarding the care recipients, females (mothers) are the only cases studied, with the large majority living with their caregivers/children (cohabitation). The participant‘s points of view regarding their situation as children were found to be unexpected though positive, and not subject to reflection. The caregivers‘ focus on their role as such was found to be beneficial for most participants. Being a parent caregiver is ultimately explained by their desire to help maintain the mother at home, by the difficulties in performing their caring tasks and create a new perception where the participants see their own possible future through their parents. Thus, creating an idea of them eventually becoming a caregiver recipient as well. Conclusion: This study exposed a necessity to develop a system of greater support for these elder caregivers, especially in a context of cohabitation.Mestrado em Gerontologia Aplicad