Educação sexual na adolescência em Portugal

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2018Introdução: A educação sexual na adolescência está em estrita relação com os ganhos em saúde, tendo consequências na vida presente e futura dos adolescentes e impacto na saúde das gerações futuras. Objetivos: (1) Rever dados epidemiológicos que permitem avaliar a eficácia da aplicação dos programas de educação sexual: idade de início da vida sexual ativa; uso e conhecimento sobre métodos contraceptivos; taxa de fertilidade e interrupções voluntárias da gravidez; prevalência e conhecimento sobre infeções sexualmente transmissíveis; (2) Comparar dados de Portugal com dados internacionais; (3) Discutir a função dos profissionais de saúde no processo educativo. Métodos: Foi efectuada uma revisão da literatura, predominantemente nacional e europeia, sobre a educação sexual na adolescência. Foram incluídos dados desde 2002 de 16 relatórios, entre os quais as três últimas edições do Health Behaviour in School-aged Children (HBSC 2013/2014, 2009/2010 e 2005/2006); 24 artigos de investigação e 4 revisões sistemáticas, obtidos a partir dos motores de busca PubMed e Cochrane, utilizando as palavras-chave: sexuality education; adolescence; sexual debut; contraceptive use; adolescent pregnancy. Resultados: Verifica-se que existe um aumento da idade de início de vida sexual ativa, aumento do uso de métodos contracetivos e uma diminuição das taxas de fertilidade e de interrupção voluntária da gravidez nos adolescentes portugueses. Não existem dados relativos à prevalência de infeções sexualmente transmissíveis nos adolescentes portugueses. Os jovens portugueses mostram ter conhecimento insuficiente em relação aos métodos contraceptivos e às infeções sexualmente transmissíveis. Conclusões: Conclui-se que o plano de educação sexual português deverá ser aplicado de forma mais ampla e sistemática, com maior articulação entre o meio escolar e os serviços de saúde. A prevalência de infeções sexualmente transmissíveis na população adolescente portuguesa deve ser estudada.Background: Sexuality Education is in strict relation with health gains, with a high impact on the current and future adolescents’ life, as well as in the life of generations to come. Objectives: (1) To review a set of epidemiological data that shows the efficacy of sexual education programmes: age of sexual debut; use and knowledge about contraceptive methods; fertility and abortion rates; prevalence and knowledge about sexually transmitted diseases; (2) To compare Portuguese with international data (3) To discuss the role of health providers in the educational process. Methods: A literature review was conducted on the theme of sexuality education in adolescence, mostly in Portugal and in Europe. Data was collected since 2002 from 16 reports, including the three last editions of Health Behaviour in School-aged Children (HBSC 2013/2014, 2009/2010 and 2005/2006); 24 articles and 4 systematic reviews. The search was conducted through Pubmed and Cochrane using the key-words sexuality education; adolescence; sexual debut; contraceptive use; adolescent pregnancy. Results: A rise in the age of sexual debut, a higher use of contraceptive methods and a lower fertility and abortion rates were found among Portuguese adolescents. The prevalence of sexually transmitted infections is not yet known among Portuguese adolescents. Portuguese adolescents seem to have insufficient knowledge about contraceptive methods and sexually transmitted diseases. Conclusions: The Portuguese sexuality education programme should be implemented in a wider and more systematic manner at the school setting, in articulation with health services. The prevalence of sexually transmitted diseases among Portuguese adolescents needs to be determined