Idade da criança quando da pré-adopção e funcionamento parental e familiar : perpectiva materna

Tese de mestrado em Psicologia (Área de especialização em Psicologia Clínica), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 2004A presente investigação tem três objectivos principais: (1) a caracterização do funcionamento parental (stress parental e estilos educativos) e familiar (coesão e adaptabilidade), (2) a análise da experiência com a adopção e (3) a análise da relação entre aquele funcionamento e esta experiência. Participaram no estudo 45 mães distribuídas por três grupos: Grupo 1 - mães de crianças adoptadas (pré-adopção) com idade igual ou inferior a 24 meses (n=15); Grupo 2 - mães de crianças adoptadas (pré-adopção) com idade igual ou inferior a 24 meses (n=15); Grupo 3 - mães biológicas (n=15). A idade actual das crianças situa-se entre os 8 e os 9 anos. Utilizaram-se três questionários que avaliam o stress parental, os estilos educativos, e o funcionamento familiar, tendo-se construído uma Entrevista Semi-Estruturada (com duas versões - adopção/não-adopção) para a obtenção de informação em áreas específicas, incluindo a experiência com a adopção. Verificou-se que a perspectiva das mães é similar relativamente aos estilos educativos e ao funcionamento familiar, mas as mães do Grupo 1 (comparativamente com as do Grupo 3) experimentam níveis mais elevados de stress parental associado com as características da criança, sendo as mães dos rapazes as mais afectadas. Salienta-se ainda que há áreas de stress que são distintas para os Grupos 1 e 2. Relativamente à experiência com a adopção, sobressai que as mães do Grupo 1 são as que, entre as dos três grupos, tendem a percepcionar as dificuldades das crianças adoptadas e biológicas como mais semelhantes, destacando-se igualmente que existe um número significativamente superior de crianças adoptadas que recebe apoio psicológico. Por último, nos Grupos 1 e 2 o funcionamento familiar não se relaciona com a experiência com a adopção, mas o stress parental (Domínio da Criança) e os estilos educativos associam-se com aspectos específicos relativos a esta experiência.The present research has three main aims which are: (1) the characterization of parental functioning (parenting stress and educational styles) and family functioning (cohesion and adaptability), (2) the analysis of the experience with the adoption, and (3) the analysis of the relationship between those types of functioning and this experience. The participants were distributed by three groups: Group 1 - mothers of adopted children (pre-adoption) with 24 months or less (n=15); Group 2 - mothers of adopted children (pre-adoption) with more than 24 months (n=15); Group 3 - biologic mothers (n=15). The present age of the children is between 8 and 9 years old. Three questionnaires were used which assess parenting stress, educational styles, and family functioning. Also a semi-structured interview was developed (with two versions - adoption/non-adoption) to obtain information in specific areas, including information about adoption experience. The results show that mothers' perspective about educational styles and family functioning were similar. However, mothers of Group 1 (comparing with mothers of Group 3) experienced higher levels of parenting stress related to child characteristics, more affected were de mothers of the boys. Also some stress areas could be different for mothers of Groups 1 and 2. In relation to adoption experience, results show that mothers of Group 1 were the ones that, among mothers of the three groups, tended to consider more similarity between the difficulties of adopted and biologic children. On the other hand, a significantly higher number of adopted children receive psychological help. In Groups 1 and 2 the family functioning doesn't related with the adoption experience. However, parenting stress (Child Domain) and educational styles were related with specific aspects associated with this experience