«Vestir a camisola tem um preço» : um estudo sobre a interacção trabalho-família

Tese de mestrado em Psicologia (Área de especialização em Stress e Bem-Estar), apresentada à Universidade de Lisboa, através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 2007Este trabalho avaliou as interferências negativas e mútuas do trabalho e da família em trabalhadores de uma cadeia de distribuição alimentar. Através de uma análise quantitativa a uma amostra de 226 trabalhadores, estudámos: a influência da relação dos trabalhadores com a empresa, nomeadamente o seu contrato psicológico, e a influência de determinadas características da família, nomeadamente o estado marital e a exigência parental no conflito entre o trabalho e a família; a influência deste conflito no bem-estar destes trabalhadores. Verificámos como esperado, que a relação dos empregados com a organização influencia mais as interferências do trabalho na família do que a interferência da família no trabalho, porque são os trabalhadores que têm um contrato psicológico relacional com a sua organização, aqueles que sentem mais conflito trabalho-família na dimensão tempo e pressão. No entanto, também são estes trabalhadores os que sentem mais conflito família-trabalho na dimensão pressão, mostrando que as interferências destas duas esferas podem influenciar-se entre si. O facto de se estabelecer com a organização uma relação de reciprocidade, faz com que os trabalhadores se sintam obrigados a retribuir os benefícios de bem-estar e segurança dados pela empresa, prejudicando a relação entre estes dois papéis cruciais da sua vida, o trabalho e a família. Ao contrário do esperado não encontrámos influência do estatuto marital ou da exigência parental neste conflito. A necessidade de intervir nas empresas diminuindo o conflito entre o trabalho e a família foi apoiada por esta investigação, porque verificámos que esta interferência prejudicava o bem-estar destes trabalhadores. Como esperado, as interferências do trabalho na família têm um efeito mais prejudicial do que as interferências da família no trabalho, sendo os trabalhadores que consideram ter mais conflito trabalho-família os que sentem mais ansiedade, mais depressão, menos conforto e menos entusiasmo.The purpose of this work was the evaluation of the mutual and negative interference of family and work in workers of a food chain distributors. Covering 226 workers we have studied: the relationship influence between the workers and the company, namely their psychological contract and the influence of certain family features, such as marital status and the parent demand in the conflict between work and family and the influence of this conflict in the workers well-being. We concluded what we had expected, namely that the worker relationship with the company has a stronger influence in the work interference in the family than the family interference in the work, because the workers are the ones who have a relational psychological contract with their company, those who feel more a workfamily conflict in both time and pressure extents. However those are the ones too who feel more conflict in the family-work pressure, showing that both of these entities may have influence on each other. The workers feel they are forced to give back the well being and security benefits given by the company due to the relationship created with their company, this doing harm to the relationship between two crucial aspects of their lives, work and family. We have not found an influence from the parental or marital status in this conflict as we have expected. Just because we concluded that the family interference was bringing harm to the workers well-being, we support the idea that there is the need to intervene in the companies in order to reduce the conflict between work and family. As expected, the work interference in the family has a worse effect than the family interference in the work, being the workers who state they have a conflict work/family the ones who feel more anxiety, depression, less effort and enthousiasm