Indutores da ovulação e risco oncológico

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2017Cada vez mais casais procuram ajuda médica para engravidar. O recurso a substâncias que induzem a ovulação ou que incluem estas últimas em contexto de procriação medicamente assistida é uma realidade abrangente num problema que é de saúde pública- a infertilidade. Assim sendo, torna-se crucial a investigação de possíveis efeitos nefastos destes tratamentos para um melhor e mais seguro aconselhamento das mulheres que a eles recorrem. Neste contexto, focamo-nos no risco oncológico e apresentamos uma revisão da literatura disponível sobre o tópico dos fármacos indutores de ovulação, usados sozinhos ou em contexto de Fertilização in Vitro, e a sua possível relação com o desenvolvimento de neoplasias ováricas, uterinas e mamárias. A literatura não é vasta e os resultados são aparentemente contraditórios. Se os primeiros estudos desenvolvidos mostravam uma associação entre estes tratamentos e o aumento do risco de cancro , os mais recentes, já corrigidos para factores confundidores, não estabelecem uma associação. Estes estudos são globalmente limitados pelo reduzido tamanho da amostra, tempos de follow up pouco adequados dada a idade com que estas neoplasias costumam ser diagnosticadas, e imprecisão quer nas doses, protocolos e agentes usados, bem como na causa da infertilidade – que pode ser um factor de risco independente dos tratamentos. Concluímos que não há uma associação estatisticamente significativa entre o recurso a fármacos indutores de ovulação e o risco de desenvolvimento de neoplasias que se sabe terem um background hormonal a não ser, possivelmente, em mulheres que permanecem nuligestas. É de esperar que as mulheres que após estes tratamentos conseguem engravidar estejam em risco inferior às que permanem nuligestas, já que a gravidez parece ser um factor protector para neoplasias do ovário, endométrio e mama.An increasing number of couples are seeking medical assistence to conceive. The use of substances that induce ovulation alone or in the aim of assisted reproduction technologies is now a whole reality as a public health problem – infertility. It has become crucial to investigate possible nefasts effects of these treatments so one can give saffer and better advice to women that look for help. In this paper, we focused at cancer risk and we present a literature’s review about ovulation-inducing drugs, used alone or at an In Vitro Fertilization onset, and their biologically possible association with ovarian, uterine and breast cancers. The literature is not wide and remains confusing. Earlier studies showed an association between these treatments and an increased cancer risk. More recent studies, already corrected for confounding factors, do not note a link. All these studies are limited by small samples, short follow up times – given the latter age of diagnosis of these neoplasms – and few details about doses, protocols and drugs used, and the indications for use – the cause of infertility itself may be a factor that independently affect cancer risk. We conclude that there are no statistically significant change in cancer risk with the recourse to fertility drugs in hormonally sensitive sites of cancer except, possibly, in women who remain nulligravid. It is expected, indeed, that women who achieve a pregnancy after these treatments are at a reduced cancer risk compared to those who remain nulligravid, because it is ovarian stimulation, with an incessant ovulation and elevated serum hormonal levels that seems to be associated with the oncogenesis of breast, ovarian and endometrial tissues