Estudo exploratório das relações entre avós e netos e o bem-estar psicológico na velhice

Tese de Mestrado em Psicologia (Área de especialização em Psicologia Clínica), apresentada à Universidade de Lisboa através da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, 2004No presente trabalho procede-se à descrição e comparação do impacto do Bem-Estar Psicológico de Avós no contexto da prestação de cuidados por elas prestados a netos de idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos. A construção da generatividade e da integridade são os temas centrais deste trabalho que articula conceitos relacionados com o desenvolvimento da vinculação, do envelhecimento e da conceitualização do Bem-Estar Psicológico. A hipótese geral é a de que as Avós com Bem-Estar Psicológico Elevado e Reduzido se distinguem entre si em função da qualidade do Bem-Estar Psicológico, e de que este está relacionado com os benefícios retirados do envolvimento das Avós na prestação de cuidados a netos. O estudo é realizado com uma amostra de 65 Avós, de idades compreendidas entre os 48 e os 84 anos que prestam cuidados regulares a netos. Os dados foram obtidos com recurso a um guião de entrevista, uma grelha de cuidados prestados a netos, o índice de Stress Parental - ISP - (Abidin, 1995; Santos, 2003) e as Escalas de Bem-Estar Psicológico (Ryff, 1989; Ryff et al., 1995; Novo, Silva & Peralta, 1997). Verifica-se que os Grupos de Avós com Bem-Estar Psicológico Elevado e Reduzido se distinguem, entre si, com prejuízo para as Avós com Bem-Estar Psicológico Reduzido, relativamente a todas as dimensões do Bem-Estar Psicológico; no ISP, relativamente a características dos netos relacionadas com a maleabilidade de adaptação, o reforço aos pais, a exigência e a aceitação e em todas as características do domínio dos Pais. O mesmo foi verificado relativamente ao envolvimento na escolaridade e no jogo e número de netos. Os resultados parecem confirmar a pertinência do Bem-Estar Psicológico na relação com os netos e apontam para a compatibilidade dos conceitos vinculação, generatividade e integridade na meia-idade e na idade avançada.The goals of this study are to describe and compar e the effects of Psychological Well-Being of Grandmothers involved in caregiving towards their grandchildren aged from 6 to 10 years old. The core of this work deals around the construction of generativity and integrity relying on the issues of attachment, aging and Psychological Well-Being framework. The central hypothesis in this study states that when comparing Grandmothers with High Psychological Well-Being with Grandmothers with Low Psychological Well-Being, results will differ accordingly to levels of Well-Being and that this feature is connected to the benefits taken out caregiving relationships with their grandchildren. Sample included 65 grandmothers ranging 48 to 84 years old involved in regular caregiving towards their grandchildren. Data were collected using a guide line interview, a questionnaire of caregiving activities towards grandchildren devised for the purposes of this study, Portuguese versions of Abidin's Parenting Stress Index (Santos, 2003) and Ryff' s Scales of Psychological Well-Being (Ryff, 1989; Ryff et al., 1995; Novo, Silva & Peralta, 1997). Results show that Grandmothers quality of Psychological Well-Being is a useful measure to discriminate between Groups of Grandmothers with High and Low Psychological Well-Being. Grandmothers with Low Psychological Well-Being score higher in all dimensions of Psychological Well-Being; they reveal higher relational stress connected to children's characteristics such as malleability, parent's reinforcement, demand(ness) and acceptance, and in all subscales related to paternal figures. The same pattern wa s shown relatively to involvement with scholarship activities and play. Findings seem to confirm the relevance of Psychological Well-Being assessment in grandmothers-grandchildren relationships and the compatibility of attachment, generativity and integrity in mid-life and old age