Resistência bacteriana a antibióticos : a evolução do Staphylococcus aureus para a resistência

Trabalho Final de Mestrado Integrado, Ciências Farmacêuticas, Universidade de Lisboa, Faculdade de Farmácia, 2015A emergência de bactérias patogénicas resistentes aos antibióticos existe prati- camente desde o início da utilização desta classe terapêutica. Ao longo das últimas décadas, a utilização maciça dos antibióticos e outros antimicrobianos veio revolucio- nar o tratamento de doenças infeciosas, permitindo a melhoria geral da saúde das po- pulações, com uma redução dramática da morbilidade e mortalidade. Contudo, na atualidade, existem cada vez mais bactérias resistentes e há cada vez um maior número de estirpes resistentes a múltiplas drogas, particularmente em meio hospitalar, aumentando assim a morbilidade, os custos inerentes à prestação dos cuidados de saúde, bem como as taxas de mortalidade por infeções. O Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) é o microrganismo mais frequentemente isolado em infeções nosocomiais e Portugal apresenta um dos níveis mais elevados da Europa. A situação tem-se agravado nos últimos anos pelo aparecimento de surtos co- munitários de MRSA e posteriormente, pelo aparecimento de resistência intermédia e total à vancomicina, antibiótico usado como alternativa à meticilina. Assiste-se assim a um decréscimo da eficácia de drogas outrora muito potentes, com reaparecimento de microrganismos resistentes a todos os fármacos disponíveis, aumentando o risco de regressão à era pré-antibiótica, em que muitas pessoas morriam por infeções não tratáveis