Pode-se dizer que a Guiné-Bissau é um Estado multicultural, tendo em conta que a sua miscelânea etnográfica, linguística e cultural é representada por cerca de trinta etnias (com meia dúzia em vias de extinção). Este facto, que comporta um duplo semblante, patenteia, por um lado, a riqueza cultural diversificada traduzida nos festejos, danças e vestuários tradicionais lindíssimos e, por outro lado, reflete uma perplexidade na política legislativa, máxime no Direito Penal – que se viu adstrito a exercer o gigantesco e impossível labor de absorção, conformação e coabitação com certas práticas costumeiras repugnantes (por exemplo: escarificação ornamental – curiosamente apelidada na gíria de “mil cento e onze”) –, infanticídio ritual (cirmónia...