Todo o gesto artístico é, em certa medida, um acto político. O contrário torna-se cada vez mais difícil de afirmar. Neste Portugal que se encontra nas mãos de um corpo político sem voz cultural, as decisões que nos são impostas ultrapassam a tão necessária condição de austeridade para fundarem um estado catatónico, onde a cultura é vista como uma exigência caprichosa, supérflua e desnecessária. É precisamente o esvaziamento de criatividade na retórica política que nos impede de ultrapassar as peripécias e os enredos partidários em que nos tecem. Com o poder virado para si mesmo, sem participação democrática, sem debate, sem descoberta, sem soluções, a paralisia chega-nos muda e oblíqua. A Cine Qua Non tem no papel a possibilidade de ...