O fragmento na escultura portuguesa no séc. XX

Tese de doutoramento, Belas-Artes (Escultura), Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas-Artes, 2011Este trabalho de índole teórica constitui uma reflexão sobre o fragmento, tornado valor plástico, neste caso escultórico, no século XX, em Portugal. A estranheza que pode provocar um tema como o fragmento na escultura será esclarecida ao longo do trabalho, onde o fragmento é considerado na sua complexidade, no seu significado, nas suas ligações e na sua autonomia. Assim teremos de entender o conceito de fragmento, ligá-lo à produção em arte e finalmente determinar as suas variadas expressões no panorama artístico português no século XX. Recorrendo à nossa formação e experiência de escultora, será no contexto dos processos e das técnicas que enquadraremos as obras “fragmento”. Numa primeira abordagem o levantamento do fragmento nos diversos domínios da escultura será feito na obra de artistas estrangeiros. Não pretendendo fazer um levantamento histórico exaustivo, compararemos obras ligadas pelos processos, matérias e materiais muito diversificados, utilizados pelos artistas durante a segunda metade do século nas esculturas. De igual modo, no panorama português será a similitude de processos, matérias e materiais que permitirá estabelecer uma ordem para as múltiplas expressões do fragmento. Sempre que for pertinente, um enquadramento histórico, estético e sociológico será feito a propósito das obras em questão. Através das obras perpassa o pensamento teórico e plástico dos seus autores que pontualmente assinalaremos com citações e ideias de pensadores da história, da literatura, teóricos das artes, filósofos, portugueses e estrangeiros de carisma marcante e reconhecido. Por fim a nossa experiência foi campo de escolhas, trabalho, ilusões e desilusões, abandonos, recuperação, utopia. Mas usámos também essa experiência como método de trabalho e o fragmento como objecto de múltiplas pesquisas, campo aberto para diversas soluções. Ligando-se às novas tecnologias, o fragmento aparece com outras expressões, liga-se também à contemporaneidade e aos mundos diversos, sendo a ideia fragmentária um conceito aberto a soluções inusitadas, surpreendentes.Ce travail au caractère théorique constitue une réflexion sur le fragment, devenu valeur plastique voire sculpturale au XXe siècle, au Portugal. L’étrangeté qu’un thème tel que le fragment dans la sculpture peut provoquer sera éclaircie au long du travail où le fragment est considéré en complexité, signification, liaisons et autonomie. Nous devrons donc comprendre son concept, le rattacher à la production en art et finalement déterminer ses diverses expressions dans le panorama artistique portugais au XXe siècle. Ayant recours à notre formation et à notre expérience comme sculptrice, c’est dans le contexte du processus et des techniques que nous encadrerons les « fragments ». Dans un premier abord, le recueil du fragment dans les divers domaines de la sculpture sera puisé à la production d’artistes étrangers. Sans un épuisant prélèvement historique, nous comparerons des œuvres affines quant aux processus, matières et matériaux très diversifiés, employés pendant la deuxième moitié du siècle. De même, dans le panorama portugais, c’est encore la similitude de processus, matières et matériaux qui permettra d’ordonner ses multiples expressions. Lorsqu’il sera jugé pertinent, on fera un encadrement historique, esthétique et sociologique concernant les œuvres dont découle la pensée théorique et plastique de leurs auteurs; nous les signalerons ponctuellement avec citations et idées de penseurs de l’histoire et de la littérature, de théoriciens des arts, de philosophes, portugais et étrangers de renommée marquante et reconnue. Enfin notre expérience a été un champ de choix, travail, illusions et désillusions, abandons, récupération, utopie. Mais nous avons aussi utilisé cette expérience comme méthode de travail et le fragment comme objet de multiples recherches, espace ouvert à maintes solutions. En liaison avec les nouvelles technologies, le fragment se montre sous d’autres expressions, il s’attache à la contemporanéité et aux mondes divers, l’idée fragmentaire étant un concept ouvert à des solutions inusitées, surprenantes