Exposição precoce a contaminantes alimentares e avaliação de risco-beneficio de alimentos: dois desafios da nova década

As escolhas alimentares influenciam diretamente a dieta bem como o aporte diário de nutrientes. A sensibilização e a capacitação dos cidadãos para escolhas alimentares mais saudáveis é também determinante para uma estratégia para a promoção da alimentação saudável. Os alimentos pelos quais optamos apresentam compostos com efeitos benéficos, no entanto, alguns podem apresentar potencial efeito negativo para a saúde, como por exemplo, os contaminantes alimentares. A avaliação de risco-benefício (RBA) de alimentos estima os benefícios e riscos para os seres humanos decorrentes da ingestão de um alimento, um componente alimentar ou uma dieta específica, e integra-os utilizando ferramentas que permitam essa comparação. O projeto internacional RiskBenefit4EU, financiado pela EFSA (https://riskbenefit4eu.wordpress.com/), pretende, ao integrar as perspetivas microbiológicas, toxicológicas e nutricionais, contribuir para o desenvolvimento, na Europa e em Portugal, de uma nova cultura no âmbito da segurança alimentar e nutrição, sugerindo linhas de orientação para a realização de uma alimentação mais segura e saudável. A exposição a contaminantes químicos nos primeiros 1000 dias de vida tem sido associada a alterações de saúde, constituindo também um domínio emergente de investigação. A exposição precoce a contaminantes ocorre durante a gestação pela transferência de substâncias tóxicas da dieta materna para o feto através da placenta e, posteriormente, durante a lactação, através do leite materno. As micotoxinas, contaminantes químicos presentes nos alimentos, são compostos tóxicos com efeitos carcinogénicos, nefrotóxicos, hepatotóxicos e imunossupressores. Estudos recentes evidenciaram que as crianças portuguesas até aos 3 anos estão expostas a múltiplas micotoxinas através da alimentação, o que constitui um risco potencial para a sua saúde (https://www.youtube.com/watch?v=CsKaz3mt2J4). Neste contexto, é pertinente questionar qual o impacto de uma exposição precoce a micotoxinas na saúde da criança e do futuro adulto. O projeto nacional earlyMYCO, financiado pela FCT, pretende assim responder a questões como: estarão as grávidas e lactentes até aos 6 meses de idade expostos a micotoxinas? Esta exposição representa um risco para a sua saúde? Nesta comunicação pretende-se apresentar e discutir dois projetos complementares a decorrer no Departamento de Alimentação e Nutrição, do INSA, e que constituem dois desafios atuais relacionados com as escolhas alimentares.Agradecimentos: FCT/MCTES através de fundos nacionais (PTDC/MED-TOX/28762/2017) e cofinanciamento através do CESAM (UID/AMB/50017/2019) e projeto MYTOX-SOUTH, Universidade de Gent, Bélgica.N/