A poesia do autor português Eugénio de Andrade (1923-2005) foi permeável à influência de diversos escritores nacionais e estrangeiros, como claramente revelam numerosos traços de intertextualidade endolitária com William Shakespeare (1564-1616), John Keats (1795-1821), Walt Whitman (1819-1892), ou Wallace Stevens (1879-1955). Contudo, o magnetismo de um autor — Fernando Pessoa (1888-1935) — e seus heterónimos inquietou profundamente Eugénio de Andrade. Como poderia o jovem poeta ser original e fazer ouvir a sua voz única, numa polifonia dominada pelo canto de Pessoa? Neste artigo, examino a ansiedade da influência sentida por Eugénio de Andrade, bem como as estratégias que utilizou para resistir à sedução da obra multifacetada de Pessoa. Pa...