Neste artigo, por meio de um procedimento cognitivo similar ao da montagem, pretendemos, a partir de sobreposições de imagens, interrogar os sentidos produzidos pelo olhar para o espectador por parte de personagens de filmes narrativos, recorrendo, para tanto, aos conceitos de estranhamento e de distanciamento. Considerando a sua recorrente relação com a fotografia, o cinema e o valor de exposição, representado sobretudo pela figura da prostituta, compreendemos que referido olhar ativa criticamente a sensibilidade do espectador. A exibição do corpo como valor de exposição e como objeto de desejo aos nossos olhos, intermediados pela objetiva, revela o espectador a si mesmo como sujeito desejante, o que, no entanto, preserva o desejo, uma vez...