A migração de um motivo: Don Juan e as pulsões do feminino

O herói masculino tem sido privilegiado nos estudos do donjuanismo. No entanto, a expressão feminina é determinante enquanto grupo de um longo catálogo que, já na ópera de Mozart / Da Ponte (1787), continha mil e três conquistas apenas em Espanha. No século XXI os nomes desse catálogo aumentaram nas obras de ficcionais. É o que sucede no romance de João Gabriel de Lima, primeiro publicado no Brasil e depois em Portugal, respetivamente em 2000 e 2003. Sem as mulheres, Don Juan não subiria à cena. Sucede ainda que, na história do mito, a mulher teve o poder de perder ou salvar o herói, antes de, na Modernidade, ela própria se tornar Don Juan. No entanto a perspetiva feminina tem sido até agora negligenciada. Este artigo parte dessa perspetiva para analisar os grandes momentos de viragem do mito no que respeita aos tipos femininos ao longo da história do donjuanismo.The masculine hero has been privileged in the studies of Donjuanism. However, the female expression is decisive as a group of a long catalog that, already in the opera of Mozart / Da Ponte (1787), contained one thousand and three conquests only in Spain. In the 21st century, the names of this catalog increased in works of fiction. This is what happens in the novel by João Gabriel de Lima, first published in Brazil and then in Portugal, respectively in 2000 and 2003. Without the women, Don Juan would not rise to the scene. It also happens that in the history of myth, the woman had the power to lose or save the hero, rather, in Modernity, she herself became Don Juan. However, the female perspective so far has been neglected. This article is based on this perspective, analyzing the great inflection points of the myth in relation to the feminine types throughout the history of Donjuanism.Associação Alemã de Lusitanistas